Eletrobras hoje: entenda atual situação da empresa
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Eletrobras hoje: entenda atual situação da empresa
14 set 2023•Última atualização: 20 junho 2024
Vamos falar um pouco mais sobre o setor de energia, principalmente sobre a situação da Eletrobras hoje. Para quem ainda não conferiu, aqui está o texto sobre a Taesa (TAEE11). Nesse material, trouxe detalhes sobre a divisão de setores de energia e como cada um deles funciona.
Hoje, são cerca de 34 empresas de energia que estão listadas na bolsa de valores brasileira, entre elas Taesa e Eletrobras. O segmento é um dos principais do mercado.
Agora, diferentemente da matéria feita de Taesa, onde tratamos especificamente do setor de transmissão, hoje vamos falar exclusivamente da Eletrobras (ELET3; ELET6), a maior empresa do setor energético brasileiro.
O que a Eletrobras faz?
A Eletrobras hoje opera nos segmentos de geração e transmissão. Na geração, produz 28% de toda a energia do país. Sendo que, desse valor, 97% vêm de fontes com baixa emissão de carbono, como os segmentos hidráulico, solar e eólico, tornando-se uma das grandes referências mundiais na energia renovável.
Por outro lado, quando tratamos sobre a transmissão, a companhia possui cerca de 68,3 mil km em linhas ligadas ao Sistema Nacional. Esse valor é extremamente relevante e hoje corresponde a 40,2% do total de linhas ativas no país.
Setor de energia
Relembrando de forma resumida o que foi tratado no texto anterior, o setor de geração é onde se gera a energia. Se por um lado o Brasil está na frente do mundo em relação a baixa emissão de carbono, por outro, somos bastante vulneráveis a fatores climáticos que fogem do nosso controle.
Os principais exemplos foram as secas vistas em 2021, que afetaram de modo relevante o nível dos reservatórios ou as chuvas abundantes de 2022/23, que levaram o segmento de geração para seus melhores anos.
No caso da transmissão, o setor é mais tranquilo e estável, já que, independente do clima, a energia será transportada para uma unidade de distribuição. Dessa forma, sua receita ocorre de modo mais recorrente.
Por outro lado, é um setor bastante afetado pela inflação, dessa forma, em períodos de IPCA mais baixo (como o atual), a receita também é afetada negativamente.
Receita da Eletrobras hoje
Atualmente, a receita da Eletrobras é bem dividida entre os dois segmentos, com ligeira vantagem para a geração, que está apresentando ótimo desempenho devido ao maior volume de chuvas. Enquanto o segmento de transmissão está com a receita decrescendo devido ao IPCA mais baixo.
Historicamente, a empresa apresentou uma receita que variou bastante devido a não renovação de diversos contratos que eram pouco benéficos para a operação. Especialmente entre 2016 e 2018, após esse período, a empresa conseguiu apresentar bom crescimento. Levando em conta todo o período desde 2012 até 2022, o crescimento médio foi de 2,0% ao ano.
Custos e despesas
Quando olhamos para os custos e despesas da Eletrobras, esse fator fica ainda mais evidente, com a companhia apresentando forte melhoria em sua margem de lucro a partir de 2016, devido aos contratos ruins sendo removidos. Esse fator foi ainda mais intensificado pela melhoria que ocorreu no setor, já que, entre 2013 e 2016, o preço da energia sofreu diversas interferências do Governo Federal, de modo a baratear preços ao consumidor, passando o custo para as empresas do segmento.
Na parte das dívidas, a empresa deve R$ 58,7 bilhões e possui R$ 20,2 bilhões em seu caixa. Ou seja, apresenta R$ 38,5 bilhões de dívida líquida. Esse valor representa 28,9% do valor da companhia, um patamar saudável. Além disso, somente R$ 16,1 bilhões vencem nos próximos 12 meses e a companhia gera bons lucros, o que diminui ainda mais o risco de ocorrer algum problema.
Privatização da Eletrobras
Por fim, é relevante citar que a empresa passou por um processo de privatização e demissão voluntária de funcionários em 2022, com o Governo Federal reduzindo sua participação e não sendo mais o acionista controlador.
Dessa forma, boa parte dos problemas que a companhia apresentou no passado, devido as interferências, não irão ocorrer no futuro. Além disso, com a demissão voluntária sendo adotada por diversos funcionários, as margens de lucro e a produtividade devem melhorar ao longo dos próximos anos.
Mesmo privatizada, a companhia tem voltado a aparecer nas notícias. Críticas à privatização após o episódio de apagões em diversos estados causaram rumores sobre uma tentativa de reverter a privatização ou paralisar as demissões voluntárias. E isso pode simbolizar um risco para o movimento realizado no ano passado.
Concluindo, a Eletrobras é uma empresa sólida e relevante no mercado brasileiro. Historicamente apresentou bastante volatilidade em seus resultados devido ao término de contratos ruins ou pelo seu uso como instrumento político.
Caso a empresa consiga manter a privatização e os resultados em um nível semelhante ao atual, os acionistas ainda podem se surpreender positivamente. Por outro lado, caso os processos da privatização sejam paralisados ou ela volte a sofrer interferências do Governo Federal, ela pode ser negativamente impactada.
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Renato Reis
Formado em Ciências Econômicas pelo Ibmec BH. Analista de valores mobiliários (CNPI-P EM-3580) credenciado pela Apimec. Analista fundamentalista na casa de análise DVinvest.
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