Fernando Bueno, da Blue3 Investimentos, explica as vantagens de investir no exterior
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Fernando Bueno, da Blue3 Investimentos, explica as vantagens de investir no exterior
28 nov 2022•Última atualização: 20 junho 2024
Em meio a tantas dúvidas sobre o futuro do nosso cenário político e econômico, bem como quais serão as medidas adotadas a partir de 2023 com a nova equipe do presidente eleito Lula (PT), muito vem se falando da internacionalização dos investimentos.
Segundo Fernando Bueno, head da operação internacional da Blue3 Investimentos, o resultado das eleições mostra que estamos em um país dividido e que possíveis deslizes políticos podem catalisar a saída de patrimônio no país. “A cada decisão errada ou deslize do novo/antigo governo vai ser a última gota para os investidores”, afirma.
Bueno também explica como é o ambiente de investimentos no exterior: “Os Estados Unidos, por exemplo, respondem por 60% do mercado financeiro mundial, enquanto nós somos menos 3%. Ou seja, é uma parte relevante do mercado que o brasileiro desconhece.”
Além disso, Bueno salienta: “o mercado exterior opera diferente, tem volatilidade diferente do Brasil, com mecanismos próprios, por exemplo, o de visualização dos ativos como marcação ao mercado nos títulos de renda fixa, que nos Estados Unidos já é uma realidade e no Brasil ainda será implementada no ano que vem”.
Em entrevista para o It's Money, Bueno também fala sobre a importância de investir no exterior e como isso pode preservar o patrimônio a longo prazo.
O especialista também deixa o seu conselho para quem deseja investir no exterior: “é importante que o investidor entenda que está em outra moeda e jurisdição. A parte educacional é fundamental para que não tome decisões precipitadas.”
Confira abaixo a entrevista com Fernando Bueno, head da operação internacional da Blue3 Investimentos, na íntegra:
1- Depois das eleições, muito se tem falado da internacionalização de investimentos. O investidor está fugindo do Brasil?
O resultado apertado das eleições mostra que existe uma parcela relevante da população insatisfeita com o que já foi feito pelo próximo governo e com receio de que antigas políticas sejam novamente praticadas.
A cada decisão errada ou deslize do novo/antigo governo vai ser a última gota para os investidores. Por isso, podemos ver uma saída relevante do patrimônio no Brasil.
Por todo esse contexto, a internacionalização dos investimentos está na moda e os possíveis deslizes políticos podem catalisar a saída de patrimônio.
2- Como você analisa os riscos de investir no exterior?
O investidor brasileiro ainda tem grande parte de seus investimentos dentro do Brasil.
Somos o maior viés Home bias, ou seja, o brasileiro investe muito somente no Brasil. Isso é normal, visto o nosso recente histórico no mercado de investimentos.
Há pouco tempo, a bolsa brasileira atingiu o primeiro milhão de CPF. Hoje, esse número é bem maior, mas ainda é muito baixo visto o tamanho da população.
Por todo esse histórico recente, o brasileiro ainda está tateando o mundo dos investimentos, ignorando uma grande parte de ativos e mercados que existem lá fora.
Os Estados Unidos, por exemplo, respondem por 60% do mercado financeiro mundial, enquanto nós somos menos 3%. Ou seja, é uma parte relevante do mercado de investimentos que o brasileiro desconhece.
Vale ressaltar que também é um mercado que opera diferente, que tem volatilidade diferente do Brasil, com mecanismos próprios, por exemplo, o de visualização dos ativos como marcação ao mercado nos títulos de renda fixa, que nos Estados Unidos já é uma realidade e no Brasil ainda vai ser implementada no ano que vem.
Então, esse mercado acaba sendo um pouco hostil para o brasileiro.
3- E como está atualmente a situação do Brasil perante os olhos dos investidores estrangeiros?
O Brasil tem inúmeras oportunidades, com um histórico de juros alto persistente. Chegamos a ter a Selic mais baixa nos últimos anos, mas foi em período curto e, novamente, voltamos para o regime de juros altos.
Isso acaba atraindo algum tipo de investimento.
Quando olhamos as principais métricas de preço sobre o lucro vemos uma bolsa muito barata. Porém, o Brasil tem muito riscos, é um mercado com muita volatilidade, insegurança política, etc.
Tudo isso pesa muito na hora do estrangeiro investir no brasil.
O estrangeiro acaba investindo em outros países em desenvolvimento, onde eles conseguem entender melhor o ambiente, onde o risco e instabilidade – na visão desses investidores – são menores.
4- A internacionalização de investimentos nos provoca a ampliar o conceito de diversificação. Como você analisa isso do ponto de vista estratégico e de gerenciamento de risco?
Muitos tentam rebater a internacionalização de investimentos com a justificativa de que o Brasil tem muitas oportunidades.
Mas quando a gente fala de internacionalização, estamos nos referindo à diversificação.
Não significa levar todo o patrimônio para fora do país, salvo algumas exceções de pessoas que estão indo morar no exterior.
Trata-se de levar para fora do país cerca de 10 a 40% do patrimônio, dependendo do perfil do cliente.
Isso traz vantagens para a carteira de investimento do brasileiro, pois essa parte dolarizada acaba preservando o patrimônio ao longo do tempo.
Vale ressaltar que existe uma clara correlação negativa entre como os ativos brasileiros funcionam e como o dólar se comporta.
Nos momentos das piores quedas da bolsa brasileira, principalmente por instabilidade local, percebemos um movimento contrário do dólar.
O dólar se aprecia e sobe frente ao real. Ou seja, tudo o que acontece aqui – instabilidade – faz com que a parte dolarizada do investimento se aprecie, suavizando as quedas nos momentos de tensão.
Isso gera a melhor relação risco-retorno da carteira.
Podemos concluir que a diversificação de risco em uma moeda forte como é o dólar auxilia na saúde da carteira no longo prazo.
5- É mais seguro investir no exterior?
Depende de qual exterior que estamos falando. Nos Estados Unidos, por exemplo, temos o tesouro americano, que é um dos investimentos mais seguros do mundo ou considerados com menor risco. Alguns até falam de taxa livre de risco.
Muitos acreditam que investimentos, só por estar em Dólar, é mais arriscado porque essa moeda varia muito.
É comum vermos os noticiários anunciando que ora Dólar subiu, ora dólar caiu. Então, o investidor acha que é muito volátil.
Para investir no exterior é preciso mudar essa visão.
Aos olhos do mundo, o dólar é a moeda mais estável. Na verdade, são as outras moedas que variam frente ao Dólar. Então, o que acaba interferindo é muito mais a nossa instabilidade política.
Pelo Risco-Brasil mudar tanto, vemos o Dólar subir. Na verdade, não é o Dólar que está variando, e sim o Real. O que acontece é que o Real está se movimentando de acordo com o Risco-Brasil .
Se compararmos os últimos anos o Euro e o 0Dólar, vamos ver que existe uma relação muito mais estável do que com Real.
6- Quais opções de investimento temos fora do Brasil?
Nos Estados Unidos, é possível investir em mais de 8 mil ativos. Desde ações das maiores empresas do mundo, até ETFs, Real Estate Investment Trusts (REITs) - fundos imobiliários americanos.
É possível investir também nos fundos das maiores gestoras do mundo, como Morgan Stanley, Goldman Sachs, BlackRock.
O cliente ainda pode investir diretamente em bonds, que são como as debêntures brasileiras – títulos de dívidas de empresas americanas.
Há também empresas brasileiras que emitem dívidas nos Estados Unidos. Por existirem muitas possibilidades de ativos lá fora, é importante que o cliente seja bem assessorado.
7- Qual o seu conselho para quem quer investir no exterior?
É preciso entender o ambiente para qual o investidor está indo e saber como se comporta esse mercado lá fora.
Há ainda o fato de estar em outra moeda, por isso é preciso mudar a visão e parar de fazer a todo momento a conversão.
Também é importante que a pessoa entenda que ela está em outra jurisdição. Logo, a parte educacional passa a ser fundamental para que não sejam tomadas decisões precipitadas.
Trata-se de um ambiente econômico diferente, com regras tributárias e sucessórias próprias.
Por isso é importante que o investidor busque a orientação de uma assessoria para tomar decisões certas com base no seu perfil.
Quem é Fernando Bueno
Fernando Bueno é formado em Engenharia Civil e pós-graduado na mesma área. Atuou durante seis anos com condução de projetos na Ambev. Durante esse período, morou em diversas cidades brasileiras e até no exterior. Sempre foi interessado no mercado financeiro e deu o primeiro passo no ramo por meio do setor securitário. Após diversas premiações nacionais e internacionais, migrou de área e, hoje, atua como head da operação internacional da Blue3 Investimentos.
Assista abaixo a entrevista com Fernando Bueno para o podcast Birdcast.
Nesse episódio, o apresentador João Victor conversa com Bueno sobre profissão e empreendedorismo. Um bate papo imperdível para empresários inquietos.
Redação It's Money
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