Nada muda até que mude

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Nada muda até que mude

29 set 2022Última atualização: 20 junho 2024

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Macro

Quinta-feira começa movimentada com uma cesta de divulgações ao redor do mundo e investidores preocupados com dados de inflação na Europa que devem ampliar o sentimento negativo e potencializar o movimento de aversão ao risco que tem tomado conta dos mercados recentemente.

Brasil

Por aqui, hoje pela manhã o Banco Central divulga às 8h o Relatório Trimestral de inflação.

Documento que traz o acompanhamento de preços do BC, a evolução de cenários e o comportamento dos núcleos de inflação.

O relatório deve mostrar também as projeções da instituição para o PIB do país neste, e no próximo ano.

O Presidente do BC, Roberto Campos Neto, comenta a divulgação às 11h, no canal do Youtube do BC.

Na última semana o Copom optou por manter a principal ferramenta de combate à inflação, a taxa básica de juros, em 13,75%.

O relatório deve mostrar as perspectivas do BC para os preços e o discurso de Campo Neto deve trazer interpretações dos membros do comitê a respeito do cenário futuro.

Ainda nas divulgações, o IGP-M, a famosa “inflação do aluguel”, mostrou forte deflação no mês de setembro.

Estimativas apontavam para queda de 0,9% nos preços, e o dado divulgado agora pela manhã trouxe deflação de 0,95%, guiado por uma queda nas cotações de commodities, que pesaram no índice.

Depois da divulgação de ontem que mostrou queda de 3,11% no índice de preços ao produtor (PPI), as perspectivas sobre o cenário de preços no Brasil parecem apresentar certo alívio, e devem impulsionar o risco por aqui, além de favorecer o fechamento da curva de juros futuros.

Os dados de emprego do Caged que deveriam ser divulgados ontem, foram adiados para a manhã de hoje, e devem sair às 10h30.

A expectativa segue sendo de criação de 267 mil empregos formais em agosto, contra um resultado de 219 mil no mês anterior.

O mercado de trabalho no Brasil tem dado sinais de leve aceleração e deve favorecer o crescimento da economia local ainda em 2022, que, segundo consenso do Boletim Focus deve crescer 2,67%.

Para finalizar, o Tesouro organiza novo leilão para oferta de prefixados, com LTNs para os vencimentos de 2023, 2024 e 2026; além de NTN-Fs para os vencimentos de 2029 e 2033.

EUA

Nos EUA, o famoso “nada muda até que mude”, segue guiando os mercados.

As perspectivas de novos apertos continuam adicionando temor ao cenário de aversão ao risco, enquanto o dólar segue sendo o único ativo que ganha força com consistência.

Ontem o Presidente do FED de Atlanta, Raphael Bostic, defendeu que as taxas por lá devem subir mais 1,25 p.p. até o fim do ano.

O que provavelmente viria na forma de um quarto aumento de 75 pontos-base em novembro, seguido de um aumento de menor magnitude, de 50 bps no último encontro do ano em dezembro.

Para trazer clareza ao cenário econômico norte americano e auxiliar investidores a alinhar expectativas, o dia de hoje traz informações sobre o PIB e pedidos de seguro-desemprego.

Deve ser divulgada hoje a revisão do PIB do segundo trimestre, formalizando, assim, sua versão final.

As estimativas dão conta de uma retração econômica de 0,6%. Já os pedidos de seguro-desemprego devem chegar a 215 mil, em linha com última divulgação.

Os dados fazem parte da uma cesta de indicadores contraditórios que têm confundido as interpretações da economia dos EUA.

De um lado, dados de pedidos de seguro-desemprego, payroll e massa salarial, seguem mostrando um mercado de trabalho aquecido e pujante; na outra ponta, dados de PIB, índices de gerentes de compras (PMIs) e números de confiança do consumidor continuam mostrando enfraquecimento das atividades.

Tudo isso temperado por uma alta inflacionária que teima em ceder, em meio a uma escalada de juros pelo FED.

Europa

No continente Europeu, depois de certo alívio incorporado pelos mercados ontem, com anúncio do plano de recompra de títulos longos pelo Banco da Inglaterra (BoE) para estabilizar a situação econômica por lá, hoje, o cenário fiscal, e a lembrança de que essa conta deve chegar, voltaram a pesar sobre o mercado.

Os pacotes de auxílio, cortes de impostos, e agora a recompra de títulos devem dificultar a principal missão do BoE, conter a inflação.

O cenário que já inspirava cuidados, deve ficar ainda mais tenso, e o movimento recente de desvalorização da libra é reflexo disso.

O dia de hoje deve ser marcado também por divulgações de inflação em economias europeias.

Na madrugada de hoje, a Espanha trouxe o índice de preços ao consumidor e registrou deflação de 0,6%, na comparação mensal, levando a base anual a uma alta de 9%.

Apesar de ainda flutuar em patamares elevados, a surpresa foi positiva, e entregou resultado bem abaixo das estimativas.

Às 9h, é a vez da Alemanha, maior economia europeia divulgar o índice de preços ao consumidor.

As projeções apontam para alta mensal de 1,3%, levando a base anual para alta de 9,4%.

É importante monitorar essas divulgações e acompanhar o quanto as restrições energéticas que têm se acirrado, devem pressionar os preços no continente europeu.

Mercado Interno

Depois de oscilar nos campos positivo e negativo ao longo do dia, o Ibovespa encerrou as negociações praticamente no zero a zero, com leve alta de 0,07%.

O mercado de ações continua aguardando por um gatilho que destrave um movimento de recuperação da bolsa.

Por aqui, a manutenção de juros deveria favorecer esse movimento, entretanto, por ora, as pressões externas e o sentimento dominante de fuga de risco, têm falado mais alto, e dado o tom dos mercados.

Apesar desse cenário, lembramos que nem a euforia nem o desespero duram para sempre, e por aqui, o cenário econômico estável, combinado a uma bolsa ainda descontada criam um cenário de oportunidade interessante na renda variável.

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Análise Técnica

O Ibovespa, apesar da leve alta apresentada ontem, continua com uma expectativa negativa no curto prazo.

Em que a superação dos 108.970 pontos indica que o índice pode passar por uma correção no tempo (movimento lateral) ou no preço (buscando a média móvel nos 110.400 pontos).

Já a perda dos 107.910 pontos, mínima de ontem, aumenta a probabilidade de continuar esse movimento de queda. Onde o próximo nível importante mais abaixo seria os 106.250 pontos.

Entretanto, mesmo perdendo a mínima, olhar para posições na ponta vendedora é desfavorável devido as chances de correção.

Olhando para o médio prazo (gráfico semanal) o índice segue na sétima semana de correção, onde ainda não perdeu níveis importantes.

Isto é, ainda há uma expectativa mais positiva no médio prazo, mas o ativo, para confirmar, teria que buscar superar os 111.700 pontos.

Mercado Externo

Nos EUA, o índice S&P subiu forte no dia de ontem, recuperando parte das quedas recentes com alta de 1,97%.

Ainda assim, o índice caminha para novo fechamento negativo no mês de setembro.

Membros do FED continuam defendendo aumentos que levariam as taxas para acima de 4% já esse ano, e acreditamos que enquanto não tivermos sinalizações claras de encerramento desse ciclo de aperto, os mercados de ações nos EUA, devem continuar enfrentando dificuldades.

Esperamos que as divulgações de resultados das empresas possam trazer mais clareza sobre como os negócios têm acomodado margens com pressão sobre custos e custo de capital cada vez maior, ainda em meio a uma desaceleração econômica que não promete ser nada suave.

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Análise Técnica

O S&P500 mesmo fechando ontem em alta, não anulou a tendência de baixa que se encontra no curto prazo.

Porém, essa alta superou os 3.720 pontos que aumenta a probabilidade do índice passar por uma correção nos próximos dias.

Isto é, pode ser uma correção no tempo, apresentando um movimento mais lateral, ou no preço, buscando a média móvel nos 3.780 pontos (leve alta).

A superação dos 3.740 pontos aumenta essa expectativa de correção, e a perda dos 3.600 pontos aumenta a probabilidade do índice testar patamares mais abaixo, como os 3.500 pontos.

Commodities

O minério de ferro encerrou a madrugada de negociações em Singapura em leve alta, em resposta aos estímulos chineses ao setor imobiliário.

O Banco Popular da China reforçou as políticas de estímulo ao setor, fortalecendo a concessão de crédito para construção civil e buscando aquecer o ciclo imobiliário no país, o que deve impulsionar a demanda por aço e fortalecer o minério de ferro.

O petróleo opera em leve alta nessa manhã de quinta-feira.

Apesar do cenário de muita incerteza sobre a demanda, quem dá o tom das movimentações de hoje, é a oferta.

Isso porque a Opep+ iniciou discussões para promover novos cortes na produção da commodity, com o objetivo de estabilizar os preços.

Caso se confirme, uma redução na produção colocaria mais pressão sobre a oferta e seria uma trava importante de preço.

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Análise Técnica

O petróleo, analisando o gráfico diário, apesar do segundo dia consecutivo de alta, segue dentro de um movimento de correção no curto prazo.

Em que essa alta acumulada representou +6,43%, considerando mínimas e máximas.

O ativo se encontra em uma região importante nos USD 88,30/barril testando a média móvel.

Isto é, caso busque fechar acima da média móvel, seria o primeiro sinal para uma possível recuperação.

Mas, vale salientar que o petróleo só anularia a tendência de baixa que se encontra no curto prazo superando os USD 93,85/barril.

Analistas responsáveis

Dalton Vieira – Analista CNPI-T

  • + 15 anos de experiência no mercado financeiro;
  • Analista de valores mobiliários CNPI-TEM 910;
  • Credenciado pela Apimec desde 2010;

    Desenvolvedor do método DV de investimentos.

Henrique Tavares – Analista CNPI

  • Analista CNPI EM-3176;
  • Credenciado pela Apimec;
  • Formado em Engenharia Aeronáutica pela Universidade Federal Uberlândia (UFU).

Leonardo Gibelli – Analista CNPI-T

  • Analista CNPI-T EM-3376 credenciado pela Apimec;
  • Formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Disclaimer

De acordo com a Resolução CVM nº 20, de 25 de fevereiro de 2021, Art. 21º, declaro que as análises realizadas neste relatório refletem única e exclusivamente a opinião dos autores, e foram elaboradas de forma independente e autônoma.

De acordo com o art. 21 da ICVM 598/18, caso o Analista esteja em situação que possa afetar a imparcialidade do relatório ou que configure ou possa configurar conflito de interesse, este fato deverá estar explicitado no campo “Conflitos de Interesse” deste relatório.

As informações, estimativas e projeções contidas neste relatório referem-se à data de publicação e estão sujeitas a mudanças, não implicando necessariamente na obrigação de qualquer comunicação no sentido de atualização ou revisão com respeito a tal alteração.

As plataformas usadas para realização deste relatório são Bloomberg e Profit (Nelogica), além de portais de notícias nacionais e internacionais devidamente identificados quando utilizados.

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A DVinvest é a casa de análise fundada pelo renomado analista Dalton Vieira, que possui em sua equipe profissionais altamente especializados em análise fundamentalista e técnica de ações.

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