Temporada de balanços: veja os destaques do segundo trimestre de 2023

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Temporada de balanços: veja os destaques do segundo trimestre de 2023

24 ago 2023Última atualização: 20 junho 2024

Renato ReisRenato Reis
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Olhando para o cenário macroeconômico, os resultados da temporada de balanços do segundo trimestre de 2023 ainda não contaram com a redução na Selic. A queda ocorreu somente no início de agosto, em uma proporção ainda pequena.

Dessa forma, muitos dos problemas vistos sobre o endividamento no primeiro trimestre de 2023, se mantiveram nos resultados atuais. Ou seja, as despesas financeiras consumiram uma parte relevante do faturamento das empresas mais alavancadas.

Entretanto, assim como foi comentado na prévia dos resultados, com uma inflação mais baixa, muitos setores que são mais impactados por essa variável já começam a apresentar recuperação em suas margens de lucro.

Como por exemplo, o varejo ou demais empresas que possuem mais dificuldade para repassar esse aumento de inflação nos preços dos produtos.

Por outro lado, se a margem de lucro de algumas empresas foi beneficiada por uma queda na inflação, a fraca atividade econômica do país afetou o crescimento no faturamento. Então, vimos diversas companhias apresentando receita abaixo do esperado e de seus históricos, o que geraram alguns sinais de alerta nos investidores.

Tendo em vista esse cenário, confira a seguir uma análise sobre os os resultados da temporada de balanços do segundo trimestre de 2023 dos principais setores da nossa economia.

Boa leitura!

Resultados do setor de commodities

Com os preços das matérias primas se normalizando e reduzindo ainda mais nesse segundo trimestre, boa parte dos resultados da temporada de balanços do setor de commodities vieram com números bem mais fracos do que o ano passado e até em relação ao trimestre anterior.

Nesse sentido, os destaques positivos ficam com as empresas de proteínas bovinas, que após um começo de ano bem difícil, estão conseguindo recuperar suas margens de lucro. Isso sinaliza que o primeiro trimestre possa ter marcado um fundo operacional para o setor.

As principais empresas desse segmento são: JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3).

Os destaques negativos ficam para os setores de químicos, mineração, siderurgia e de metálicos, que apresentaram resultados ainda mais fracos do que os vistos no primeiro trimestre, fruto especialmente de uma desaceleração na economia chinesa, que afetou negativamente o preço das commodities.

As principais empresas desses segmentos são:

Resultados do setor de construção civil

O setor de construção civil veio bem parecido com o que foi visto no primeiro trimestre. Empresas que estavam fortes seguiram fortes e empresas que estavam enfraquecendo, seguiram dessa forma nessa temporada de balanços. Um fator que ajudou o setor como um todo foi a continuação da queda nos preços de materiais de construção, que aliviam os custos dessas empresas.

No entanto, o destaque positivo fica para o setor de baixo padrão, que trabalha especialmente com obras do Minha Casa Minha Vida (MCMV). Ele segue com uma demanda muito forte pelos empreendimentos, fazendo com que a receita e as margens de lucro viessem até mais fortes do que o primeiro trimestre.

As principais empresas desse segmento são:

Já o setor que trabalha com médio/alto padrão foi bastante diverso, com algumas empresas melhorando bastante seus indicadores, como foi o caso da Cyrela (CYRE3). Outras que pioraram seus indicadores, como o caso da Gafisa (GFSA3). Além disso, várias que estão adiando seus lançamentos mais relevantes para o segundo semestre de 2023 ou para o começo de 2024. Esse é o caso da EZTec (EZTC3) e JHSF (JHSF3).

Resultados do setor de varejo

Aqui, tivemos resultados de todo tipo, especialmente por conta da diversidade de empresas englobadas na mesma categoria.

O destaque positivo fica para o varejo alimentar, que após um período de inflação mais baixa, conseguiu reajustar seus preços e melhorar a rentabilidade da operação.

Além disso, as principais empresas do segmento, como é o caso de Assaí (ASAI3) e Carrefour (CRFB3), estavam em um processo intenso de conversão das marcas adquiridas nos trimestres anteriores. Agora, esse processo está sendo encerrado no trimestre atual, o que deve potencializar ainda mais a margem de lucro dessas empresas.

Por outro lado, o destaque negativo fica especialmente para o varejo de moda com foco no médio/baixo padrão. Esse setor foi bastante impactado pela desaceleração econômica e por uma maior competição com as empresas estrangeiras. Dessa forma, a receita de praticamente todas as empresas do setor vieram bem abaixo do que foi apresentado no ano passado e até do primeiro trimestre, que geralmente é o mais fraco do ano.

As principais empresas desse segmento são:

Resultados do setor da indústria

Assim como na construção civil, cada segmento apresentou um comportamento diferente do outro. Nas indústrias com vendas focadas no Brasil, os números decepcionaram bastante, como foi o caso de Romi (ROMI3).

Por outro lado, as indústrias com foco em exportação, como é o caso de WEG (WEGE3) apresentaram resultados bem sólidos. No segmento de veículos, tivemos resultados ruins para as empresas de automóveis leves, como o caso da Tupy (TUPY3) e da Iochpe Maxion (MYPK3). Mas tivemos bons resultados nas empresas de veículos pesados, como o caso da Randon (RAPT4) ou da Marcopolo (POMO4).

Resultado da temporada de balanços do setor bancário

Os resultados ainda estão longe de bons, mas já apresentaram certa estabilização no principal fator que estava impactando essas empresas, a inadimplência.

Nos bancos de varejo, que geralmente são os principais impactados, as rentabilidades ainda seguem bem abaixo do que eram anteriormente. Nos bancos empresariais, a inadimplência está começando a aumentar em um ritmo que preocupa.

Para os bancos de varejo, os principais são:

Já no setor de bancos empresariais, os citados anteriormente possuem participação, mas o Banco ABC (ABCB4) é o mais presente no segmento.

Resultados da temporada de balanços do setor de utilities

Os resultados foram praticamente todos ditados pela inflação e em como as empresas são impactadas por esse indicador. No setor de saneamento, a inflação mais baixa, somada a um custo mais barato de energia, fez com que a margem de lucro de empresas como a Sabesp (SBSP3), a Sanepar (SAPR11) e a Copasa (CSMG3) aumentasse de forma relevante.

Por outro lado, no setor de energia, a transmissão, que é composto por Taesa (TAEE11), Alupar (ALUP11) e Isa-Cteep (TRPL4), apresentou resultados bem mais fracos do que o ano passado devido a um reajuste de preços menor.

As geradoras hidrelétricas estão com sua capacidade de operação próxima ao máximo e isso ajudou bastante nos resultados, como foi o caso da Eletrobras (ELET6) e da Engie (EGIE3). Por fim, o setor de distribuição melhorou sua margem de lucro devido a um custo menor com energia para revenda, como foi no caso de Cemig (CMIG4) ou da Copel (CPLE6).

Para mais detalhes das empresas, incluindo a recomendação e os preços alvo, acesse os relatórios no app da DV ou no site Blue Academy, caso seja um cliente Blue3 Investimentos.

Renato Reis – Analista CNPI-P com foco em fundamentos

Analista de valores mobiliários (CNPI-P EM-3580) credenciado pela Apimec;

Formado em Ciências Econômicas pelo Ibmec BH.

Já atuou com Fusões e Aquisições e hoje é responsável por toda a área de análise fundamentalista na DVinvest.

Renato Reis

Renato Reis

Formado em Ciências Econômicas pelo Ibmec BH. Analista de valores mobiliários (CNPI-P EM-3580) credenciado pela Apimec. Analista fundamentalista na casa de análise DVinvest.

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