Balanceando expectativas
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Balanceando expectativas
26 set 2022•Última atualização: 20 junho 2024
Depois de muita movimentação com as decisões de política monetária, essa semana promete ser marcada por uma série de divulgações de indicadores econômicos que podem trazer mais volatilidade aos mercados, além de discursos dos presidentes do Federal Reserve e do Banco Central Europeu (BCE).
Abertura do mercado Brasil
Por aqui, o sentimento ainda é misto com investidores animados com a manutenção da taxa básica de juros decidida no último encontro do Copom (Comitê de Política Monetária).
Por outro lado, o sentimento que chega das economias globais, traz incertezas e pressões negativas, com ciclos de aperto monetário ainda em curso, e desaceleração das atividades econômicas no horizonte.
A semana começa com dados de confiança do consumidor divulgados pela FGV. Esses dados devem trazer clareza ao cenário econômico local, e trazer indicações a respeito do sentimento do consumidor em relação ao desempenho da economia.
Ainda refletindo a decisão do Banco Central, a expectativa é que na terça-feira a instituição divulgue a ata do Copom. No encontro da última quarta-feira, o BC decidiu por manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a., encerrando, ao menos por enquanto, o atual ciclo de alta nos juros.
O documento traz as discussões levantadas pelos nove membros do comitê, e deve esclarecer aspectos que permaneceram contraditórios na divulgação, como, por exemplo os dois votos dissonantes, que optaram por aumento de 25 pontos base.
Além disso, também na terça-feira será divulgado o IPCA-15, índice de preços ao consumidor amplo, calculado pelo IBGE, e que deve ser uma prévia do índice fechado do mês de setembro. As estimativas apontam para deflação de 0,21% na marcação.
Curva DI
A semana foi marcada pela chamada “Super Quarta” quando os bancos centrais dos EUA e Brasil tiveram as respectivas decisões da condução dos apertos monetários.
Nos EUA o aperto foi de 75 bps, em linha com o esperado pelo mercado, elevando os juros para 3% a 3,25%. O comunicado deixa em aberto mais um aperto da mesma magnitude para a próxima reunião.
Aqui no Brasil o Copom manteve inalterado a Selic em 13,75% encerrando o ciclo de alta de juros, sendo que um aumento de 25 bps foi votado por dois membros. A porta para outro ajuste, entretanto foi deixada aberta.
Com esses eventos, a semana foi de bastante ajuste, apesar da forte alta na sexta (23/09) a curva fechou em basicamente todos os vértices.
Abaixo a curva de juros uma semana atrás em branco e no fechamento da sexta-feira 23/09 em verde.
Semana de balanço positivo nos leilões do tesouro com bons volumes e taxas em queda. Com destaque para NTN-F com taxas abaixo de 12% a.a.
O Tesouro pré 2025 encerrou a semana pagando 11,60% vs 12,09% da semana anterior, enquanto o vencimento de 2029 11,61% vs 12% uma semana atrás.
A NTB-B com vencimento para 2026 fechou a semana pagando IPCA +5,58% vs 5,77% uma semana atrás. O Tesouro IPCA 2035 e 45 pagavam IPCA + 5,71%.
Abertura do mercado nos EUA
Nos EUA, depois de forte pressão com o terceiro aumento consecutivo do FED de 75 pontos base, o cenário permanece inalterado, com forte incerteza envolvendo o caminho a ser adotado pelo FED nos próximos apertos monetários.
Ainda pressionado pela alta de preços, o banco central norte-americano segue com discurso alinhado para novos aumentos nas taxas por lá, para combater a inflação que permanece distante da meta.
As perspectivas de maior aperto monetário que deve se estender por período mais longo, devem continuar pressionando os rendimentos dos treasuries para cima.
Vale lembrar que o título com vencimento de 2 anos paga, hoje, mais de 4% ao ano, maior marca desde 2007, momento que precedeu a crise imobiliária norte-americana.
Para corroborar com a situação econômica do país, apesar da segunda-feira pouco agitada, na terça, teremos discurso de Jerome Powell, que promete volatilidade aos mercados, assim como dados do setor imobiliário do país, com informações sobre vendas de casas novas.
A semana é recheada de indicadores que devem movimentar os mercados, com divulgação na quinta-feira do PIB trimestral norte-americano, além do deflator de preços PCE, o principal indicador de inflação utilizado pelo Federal Reserve para balizar as decisões de política monetária.
Abertura do mercado na Europa
Na Europa, nessa segunda-feira, a principal economia da zona do euro, a Alemanha divulga o PIB, que deve apresentar leve alta de 0,1% no trimestre e crescimento de 1,8% na base anual.
Mercado Interno
O Ibovespa encerrou a última semana na contramão das principais bolsas globais, com alta de 2,23%. A semana foi marcada por decisão de política monetária do banco central, que manteve a taxa básica em 13,75%, o que animou o mercado de ações.
Com perspectivas que indicam a manutenção da taxa ainda em patamares elevados por um longo período, o momento é de cautela, mas também de oportunidade.
À medida que começa a aparecer no horizonte a possibilidade de redução nas taxas, o mercado de ações deve voltar a ganhar força com valuations mais atrativos.
Análise técnica Ibovespa
O Ibovespa fechou sexta-feira com uma queda significativa, porém terminou a semana com uma alta de 2,23%.
Dessa forma, analisando o gráfico semanal a expectativa segue positiva no médio prazo pois testou a região dos 114.160 pontos.
Pensando no curto prazo (gráfico diário), a queda de sexta trouxe uma expectativa mais negativa, onde o índice pode buscar a região dos 108.000 pontos.
Posto isso, os próximos dias serão importantes para uma definição. Onde, caso o índice não perca os 111.600 pontos e feche o dia positivo, aumenta-se a chance de retomada da tendência de alta.
Mercado Externo
Nos EUA, o índice S&P completou a segunda semana no negativo, com queda de 1,72%.
Por lá a semana também foi de decisão sobre juros com o FED promovendo a terceira alta consecutiva de 75 pontos base, o que pesou sobre a renda variável.
Com calendário de divulgações esvaziado nessa segunda-feira deve predominar o sentimento que se estende desde a última quarta, com investidores buscando alinhar o apetite ao risco ao cenário de maior aperto e de desaceleração brusca da economia.
Análise técnica S&P500
O S&P500, pelo gráfico semanal, buscou na semana passada a região dos 3.680 pontos que é um nível importante. Após esse movimento de baixa, a expectativa para o índice é mais negativa.
Entretanto olhar para operações de venda no curto prazo fica desfavorável em relação ao Risco x Retorno. Isso pois aumenta-se a probabilidade de o índice passar por uma correção no tempo (movimento mais lateral) ou no preço (buscando a média móvel).
Posto isso, caso o S&P500 perca dos 3.630 pontos, um nível importante mais abaixo seria os 3.500 pontos, e para retomar uma expectativa positiva, é necessário que o índice busque os 4.280 pontos.
Commodities
O minério de ferro encerrou a última semana em leve queda, ainda com sinalizações contraditórias sobre a commodity nos próximos meses.
Mesmo com aceleração do ciclo de construção civil na China, os temores de novos confinamentos e as incertezas relacionadas a demanda colocam em dúvida o desempenho do minério.
Para essa semana investidores esperam que os portos chineses aumentem o ritmo de compras para suprir os estoques na véspera do feriado da Semana Dourada.
O petróleo completou a quarta semana consecutiva de queda e segue lutando contra a desaceleração das economias globais.
Ainda que as cadeias de suprimento permaneçam em xeque com o prolongamento do conflito entre Rússia e Ucrânia, as perspectivas de enfraquecimento econômico no mundo colocam em risco a qualidade da demanda, que volta a pressionar o petróleo.
Análise técnica petróleo
O petróleo, analisando o gráfico semanal, se encontra em um longo movimento de baixa no médio prazo em que a expectativa continua sendo mais negativa para os próximos dias.
Posto isso, caso o petróleo perca a região dos USD 84,60/barril, aumenta-se a expectativa de continuação da queda, onde o próximo nível importante mais abaixo seria os USD 80,54/barril.
Para uma retomada de cenário mais positivo é importante que o petróleo busque a região dos USD 93,85/barril.
Analistas responsáveis
Dalton Vieira – Analista CNPI-T
- + 15 anos de experiência no mercado financeiro;
- Analista de valores mobiliários (CNPI-TEM 910);
- Credenciado pela Apimec desde 2010;
Desenvolvedor do método DV de investimentos.
Henrique Tavares – Analista CNPI
- Analista CNPI (CNPI EM-3176);
- Credenciado pela Apimec;
- Formado em Engenharia;
- Aeronáutica pela Universidade Federal Uberlândia (UFU).
Leonardo Gibelli
- Analista CNPI-T;
- Analista CNPI-T EM-3376 credenciado pela Apimec;
- Formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
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A DVinvest é a casa de análise fundada pelo renomado analista Dalton Vieira, que possui em sua equipe profissionais altamente especializados em análise fundamentalista e técnica de ações.
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