Na contramão do mundo
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Na contramão do mundo
23 set 2022•Última atualização: 20 junho 2024
Fechando a semana, essa sexta-feira começa em meio aos mares turbulentos dos mercados. Sem agenda de divulgações tumultuada, o dia deve ser marcado por investidores mais contidos.
Dados de indústria e serviços são divulgados na Europa e Estados Unidos, onde às 15h Jerome Powell, Presidente do Federal Reserve faz novo discurso em evento organizado pelo banco central norte-americano.
Abertura do mercado no Brasil
Por aqui, o Brasil segue caminhando na contramão do mundo. Desde quarta, quando o Banco Central anunciou a manutenção da taxa básica de juros, o Brasil iniciou, muito antes de seus pares, um movimento de abrandamento da política monetária.
Esse movimento coloca o Brasil em uma situação de vantagem, e torna o risco por aqui, cada vez mais atrativo.
Enquanto economias globais seguem caminhando em direção a maiores apertos, para combater as altas inflacionárias, o Brasil, parece ter os preços sob controle, e consequentemente sai na frente no alívio dos juros.
O cenário, com isso, tem sido distante do resto do mundo. Enquanto a maior parte das bolsas globais seguem amargando quedas, nessa semana o Ibov já registra alta de 4,38%.
Também na contramão do mundo, em que o dólar continua ganhando força, por aqui, o real segue se valorizando. Nessa semana o dólar cai 2,60% frente ao real.
Com condições favoráveis a frente de seus pares, o país tem se beneficiado de fluxos estrangeiros para exposição ao risco, que nesse momento oferece uma relação risco/retorno muito favorável.
Ainda nas sinalizações positivas, mesmo o tom hawkish do comunicado do Copom, a despeito de uma nova escalada nos juros caso a inflação volte a pressionar, os juros futuros seguem fechando, com vértices longos caindo mais de 30 bps.
No campo das divulgações, a FGV divulgou agora pela manhã o IPC-S, índice preços ao consumidor com medição semanal.
O registro que marca a terceira quadrissemana de setembro, não mostrou variação, assim como esperado, trazendo o acumulado de 12 meses a 5,11%. A divulgação volta a dar força ao cenário de estabilização dos preços, objetivo do Banco Central.
Resultado do leilão do Tesouro:
- LTN com vencimento em abril de 2023: R$ 935,4 milhões (100% da oferta – Taxa 13,7108%);
- LTN com vencimento em outubro de 2024: R$ 1,2 bilhão (100% da oferta – Taxa 12,0574%);
- LTN com vencimento em janeiro de 2026: R$ 8,4 bilhões (100% da oferta – Taxa 13,7108%);
- NTN-F com vencimento em janeiro de 2029: R$ 23,8 milhões (16,7% da oferta – Taxa 11,7349%);
- NTN-F com vencimento em janeiro de 2033: R$ 690,2 milhões (100% da oferta – Taxa 11,8429%).
Abertura do mercado nos EUA
Nos EUA, o cenário segue incerto e menos animador. As perspectivas de novos apertos monetários, enquanto índices de inflação teimam em se descontrolar colocam pressão sobre a economia do país.
Apesar de seguir mostrando dados de emprego fortes e um mercado de trabalho aquecido, com taxa de desemprego operando nas mínimas históricas, a economia dos EUA começa a dar sinais de desaceleração.
Dados de varejo divulgados na última semana indicaram forte desaceleração do setor, assim como as divulgações do setor imobiliário frustraram expectativas e mostraram mercado menos aquecido e ainda fragilizado com a escalada de juros.
Vale lembrar ainda que esses são dois setores diretamente afetados pela alta dos juros, e que já começam a mostrar sinais de enfraquecimento, enquanto o ciclo deve se estender ainda por um longo período.
Nossa expectativa continua sendo de fortalecimento do dólar contra uma cesta de moedas, como acontece no índice Dólar (DXY). Os rendimentos dos treasuries devem continuar subindo acompanhando o ciclo de alta dos juros, e negociando nos maiores patamares desde 2007, como acontece no título de 2 anos.
E nesse cenário de maior aperto e incerteza, nossa expectativa segue negativa para as ações norte-americanas, em especial, varejo e techs, que em um movimento similar ao que aconteceu aqui no Brasil, devem ser as mais afetadas pelos altos juros.
E para encerrar, na agenda de divulgações de hoje, em evento organizado pelo FED, Jerome Powell, Presidente da instituição deve discursar às 15h e trazer novas perspectivas para o cenário econômico norte-americano, o que pode balançar os mercados.
Também no campo de divulgações são divulgados hoje, os índices de gerentes de compras da indústria e do setor de serviços, com estimativas de 51,0 e 45,5 respectivamente.
As projeções mostram expectativa ainda positiva para a indústria, que deve mostrar crescimento, enquanto o setor de serviços deve registrar retração das atividades, ficando abaixo dos 50 pontos.
Abertura do mercado na Europa
Na Europa a sexta começou com uma cesta de divulgações. Na zona do euro, assim como nos EUA, os PMIs da indústria e serviços foram divulgados.
Os índices vieram abaixo das expectativas indicando retração maior que a esperada nas atividades.
A Alemanha e Reino Unido também trouxeram seus PMIs, ambos mostraram redução das atividades, tanto em serviços quanto na indústria. Já no campo das surpresas positivas, a Espanha divulgou pela manhã o PIB trimestral do país, com alta de 1,5% contra estimativas de crescimento de 1,1%.
As perspectivas no continente seguem difíceis, em meio a uma escalada de preços de energia, e desaceleração das atividades.
Ontem os bancos centrais do Reino Unido e Suíça promoveram nova alta nos juros. No Reino Unido, o Banco da Inglaterra elevou em 50 pontos base as taxas, enquanto na Suíça, as taxas subiram em 75 pontos, saindo do campo negativo pela primeira vez em sete anos.
Mercado Interno
O Ibovespa segue na contramão dos principais índices de ações globais e registrou nova alta no pregão de ontem, com forte alta de 1,91%.
Beneficiada por um encerramento do ciclo de alta de juros a frente de seus pares, a bolsa brasileira volta a ganhar atratividade, mesmo com o cenário de maior aperto no exterior.
As ações que seguiam descontadas, com o rali de juros no Brasil, agora, começam a oferecer uma relação de risco/retorno mais atrativa.
Por aqui, o dia de agenda econômica vazia, não deve ter grandes divulgações que impactem o mercado.
E vale lembrar que à medida que nos aproximamos do pleito eleitoral, as ações e discursos dos candidatos podem adicionar mais volatilidade aos mercados, por isso, é importante ter cautela, paciência e muita diligência nesses momentos.
Análise técnica Ibovespa
O IBOV, analisando o gráfico diário, apresentou uma alta significativa ontem onde superou os 113.400 pontos e traz um viés mais positivo para o índice no curto prazo.
Dessa forma, aumenta-se a chance de o índice buscar a região dos 115.160 pontos. Entretanto, após um longo movimento de alta, em que nos últimos 4 dias acumulou +5,72%, buscar operações na ponta compradora fica desfavorável.
Pois o índice pode passar por uma possível correção no curto prazo.
Mercado Externo
Nos EUA, o índice S&P encerrou as negociações de ontem em nova queda, caindo 0,84%. O mercado de ações norte-americano continua pressionado.
As ações que passaram por um forte rali de alta, agora encontram uma realidade mais dura, com menor liquidez nos mercados e menor capacidade de recursos a taxas baratas com a alta de juros.
A expectativa é que a desaceleração da economia combinada a alta de custos deve comprometer de forma mais severa o resultado das companhias por lá, e consequentemente se refletir em preços mais baixos.
Análise técnica S&P500
O S&P500 apresentou uma leve queda, continuando o movimento de baixa no curto prazo. Em que, perdeu um nível importante nos 3.780 pontos, aumentando a expectativa negativa.
Dessa forma, pensando em níveis mais abaixo, a próxima região seria nos 3.675 pontos.
Apesar da queda significativa não é interessante pensar em operações na ponta vendedora pois a relação risco x retorno está desfavorável. A expectativa positiva só seria retomada na superação dos 3.900 pontos.
Commodities
O minério de ferro caiu nessa madrugada em Singapura, ainda com perspectivas incertas sobre a atividade imobiliária chinesa.
Recentemente o país asiático anunciou a liberação do polo siderúrgico de Tangshan do confinamento contra covid-19, o que deve voltar a estimular a commodity.
Além disso, a expectativa é que com o feriado da Semana Dourada, operadores voltem a aumentar os estoques para suprir a demanda no período, o que deve fortalecer o desempenho do minério na próxima semana.
O petróleo cai forte nessa manhã de sexta-feira e caminha para a quarta semana consecutiva de queda. Mesmo com a escalada das tensões políticas no leste europeu, a pressão sobre a demanda tem desacelerado os preços da commodity.
As perspectivas de maior aperto monetário pesam sobre a atividade econômica global, o que oferece forte risco à demanda de recursos energéticos, e quanto maior a desaceleração das economias, maior a degradação da demanda.
Análise técnica petróleo
O petróleo, analisando o gráfico diário, segue com uma perspectiva mais negativa, dentro de um movimento de baixa no curto prazo, em que é mais provável que busque a região dos USD 86,81/barril.
Porém, pensando em operações na ponta vendedora, a relação risco x retorno fica desfavorável, pois o ativo se encontra próximo aos USD 86,81/barril. Para a retomada de uma expectativa positiva, o petróleo deve buscar fechar acima dos USD 93,85/barril.
Analistas responsáveis
Dalton Vieira – Analista CNPI-T
- + 15 anos de experiência no mercado financeiro;
- Analista de valores mobiliários (CNPI-TEM 910);
- Credenciado pela Apimec desde 2010;
Desenvolvedor do método DV de investimentos.
Henrique Tavares – Analista CNPI
- Analista CNPI (CNPI EM-3176);
- Credenciado pela Apimec;
- Formado em Engenharia;
- Aeronáutica pela Universidade Federal Uberlândia (UFU).
Leonardo Gibelli
- Analista CNPI-T;
- Analista CNPI-T EM-3376 credenciado pela Apimec;
- Formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Disclaimer
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A DVinvest é a casa de análise fundada pelo renomado analista Dalton Vieira, que possui em sua equipe profissionais altamente especializados em análise fundamentalista e técnica de ações.
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