Não investir em bolsa é um risco!

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Não investir em bolsa é um risco!

30 ago 2023Última atualização: 20 junho 2024

Erik SalaErik Sala
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Quaisquer premissas para análise de ativos e investimentos deve passar por um importantíssimo “filtro de viés” chamado ceticismo.

Afinal, se o mercado por vezes é descrito como um maníaco depressivo, com seus momentos de fúria e euforia, ser cético pode ajudar a encontrar equilíbrios nesse meio.

A seguir, confira quais gatilhos enxergamos na DVinvest para a bolsa brasileira e como filtramos dos ruídos noticiados o que realmente importa.

Antecipação de cenários na bolsa

Ao longo dos anos, a bolsa brasileira vem passando por um processo de amadurecimento, junto com todo ecossistema financeiro.

Assim, o investidor local vai, gradativamente, acessando o investimento em ações, movimento que foi catalisado nos últimos anos por juros mais baixos. Além disso, novas fintechs democratizaram a bolsa de valores.

Porém, a nova geração de investidores ainda está se habituando aos ciclos em que esse investimento fica suscetível.

Por exemplo, entre 2016 e 2020 a bolsa só teve rentabilidades positivas. Mesmo assim, a maior parte dos investidores aumentaram suas alocações apenas ao final desse ciclo.

No entanto, desde a pandemia até então, a volatilidade na bolsa tem assustado os investidores mais novos. Muitos deles zeraram a sua exposição em bolsa e migraram para renda fixa. Geralmente, esse movimento vem acompanhado do pensamento: “Quando melhorar, eu volto”.

Nesse momento, surge um grande problema: a bolsa tende a se movimentar antecipando cenários. Logo, quando se tem ideia de que o “cenário econômico está mais favorável”, a bolsa provavelmente já terá reagido.

Um estudo feito pela MorningStar compara a diferença de rentabilidade entre dois cenários.

No primeiro, retrata um investidor que tenha perdido entre 10 e 50 dos melhores dias na bolsa americana. No segundo, um outro investidor que participou de todos os dias na bolsa:

Lição valiosa

Ou seja, considerando que o investidor perdeu os 10 melhores dias nessa janela de tempo (19 anos) o seu retorno anualizado teria caído já para a metade.

Assim, isso nos mostra uma valiosa lição. Ao invés de tentar prever os movimentos do mercado, a melhor estratégia nos parece ser sempre ter um “pezinho” na bolsa.

Por isso, olhando para como o mercado se antecipa, uma das melhoras formas de observar o comportamento da bolsa é analisar o comportamento dos juros longos, de 10 anos.

Juros x bolsa

Agora, no gráfico abaixo, podemos observar essa relação quase que inversa entre os juros e a bolsa. Quando um sobe, o esperado é a queda no outro.

Simplificadamente, isso ocorre pois os juros funcionam como termômetro das expectativas do mercado em relação ao risco do país e suas perspectivas econômicas.

Um grande exemplo disso foi justamente o começo desse ciclo de 2016-19. Para relembrarmos um pouco, em 2016 a situação fiscal do Brasil estava crítica com o país em recessão devido erros na política econômica.

O movimento observado nos pós-impeachment na bolsa nos mostra que antes mesmo da melhora vivenciada no país com reformas e Selic mais baixa, o mercado através dos juros e IBOV já havia iniciado a antecipação desse cenário positivo.

O resultado conhecemos, Selic veio a cair e bolsa valorizou.

Mercado x ruído das notícias

Nosso objetivo aqui não é fazer um juízo político do que ocorreu nesse período, mas apenas ilustrar como essas variáveis do mercado independem do ruído muitas vezes noticiado.

Afinal, com um país em recessão e tantas notícias ruins, mesmo o mais otimista dos investidores teria ficado receoso de investir no período.

Porém, parte do ceticismo que devemos encarar nos investimentos envolve frieza ao olhar essas variáveis de eleições que ocorrem a cada 4 anos.

Para um investimento de longo prazo como a bolsa, iremos passar por diversos presidentes dos mais diversos espectros políticos.

Caminho do Brasil

O Brasil tem feito razoavelmente o dever de casa. Apesar de alguns momentos melhores e outros mais turbulentos na política econômica, o Brasil tem sido aquele aluno mediano na sala.

Por vezes parece que vai reprovar de ano. Mas na reta final, já quase em recuperação, estuda e passa nas provas.

Obviamente, esse não é o melhor cenário. Porém, o país tem evoluído nos últimos anos e reformas importantes foram aprovadas.

Outras reformas, como a tributária, ainda estão por vir. Esses fatores devem ajudar no ganho de produtividade e na manutenção do ciclo de corte nas taxas de juros.

Análise dos gatilhos na bolsa

Analisando esses gatilhos, podemos entender alguns fatores importantes para investimento em renda variável.

O primeiro dele é que se deve separar os ruídos das mudanças que eventualmente importam.

Pare para pensar em quantos eventos o Brasil e os mercados globais passaram nos últimos 20 anos:

Guerras, pandemias e crise no setor imobiliário para citar eventos no exterior. Por aqui, tivemos um cenário igualmente conturbado com eleições polarizadas.

Além de greve de caminhoneiros, inúmeras delações premidas ou denuncia de corrupção nos altos escalões da política.

Poucos desses eventos, entretanto, modificaram profundamente (ou estruturalmente, como os economistas gostam de falar) o cenário econômico, Logicamente, a pandemia foi o cisne negro da vez.

Minimizando riscos

Agora que entendemos que o investimento na bolsa vale a pena e que o melhor no longo prazo é manter posições, fica a pergunta:

Por qual razão parece ser tão difícil investir em renda variável? Quais atitudes o investidor pode tomar de modo a minimizar os riscos?

Os seres humanos possuem dificuldade para lidar com perdas, principalmente no campo das finanças. Diversos estudos (alguns rendando o Nobel na economia) mostraram que a dor de perder é maior do que o prazer de ganhar.  Essa receita tende a dar errado para o mercado financeiro .

Assim, uma das melhores receitas para navegar na renda variável reside na diversificação. Através dessa ferramenta o investidor consegue controlar a volatilidade de um portfólio, sem perder boas oportunidades.

Diversificação

Apesar de ser um “risco” ficar de fora da bolsa, não significa que você precise ter 100% do seu dinheiro aplicados lá.

O conceito de multiestratégia sugere ter pequenas partes aplicadas em investimentos com pouca correlação entre si e que de certa forma tragam proteção para os investimentos.

Assim, o mais clássico é ter posições em renda fixa e investimentos dolarizados, que tendem a ter valorização ou perder menos em momentos de crise. Isso nos proporciona também ter “munição” para aproveitar eventuais oportunidades que surjam durante alguma crise.

Para finalizar, vamos fazer uma provocação:

Muitas vezes, olhamos para o preço dos ativos no passado recente e pensamos:

“Poxa, deveria ter comprado PETR4 ou WEGE3 nos 4 reais, no fundo do poço”.

Aprendemos que não dá para adivinhar quando será o fundo. Mas quem está alocado o tempo todo, eventualmente irá capturar a retomada.

Lembre-se: o mercado sempre será feito de ciclos!

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Erik Sala

Erik Sala

Especialista em FIIs e Renda Fixa. Graduando em Economia pela UFG e especialista em Fundos Imobiliários. Assistente de análise responsável pela carteira DV Renda Imobiliária.

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