Testando os limites do otimismo
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Testando os limites do otimismo
4 out 2022•Última atualização: 20 junho 2024
Terça-feira começa na esteira de uma segunda-feira de forte otimismo nos mercados. Por aqui, houve forte estímulo decorrente do resultado do pleito de domingo, que indicou um caminho mais moderado para a conquista do segundo turno. Estatais se valorizaram, juros longos fecharam e o real voltou a ganhar força.
Abertura do mercado no Brasil
No Brasil o tom de otimismo tomou conta do mercado após o resultado do pleito de domingo. As perspectivas de moderação de discursos agradaram investidores e voltaram a atrair recursos.
A segunda-feira foi marcada por alta forte da bolsa brasileira, puxada pelo desempenho de grandes estatais como Petrobras, Banco do Brasil e Sabesp. Ativos que vinham perdendo valor com o risco de uma mudança brusca na condução política do país se recuperaram, com indícios da caminhada ao centro dos dois candidatos.
Em reflexo ao cenário de estabilidade política e econômica, os juros futuros fecharam 20 pontos na ponta longa, sinalizando maior alívio dos riscos então precificados. O dólar caiu mais de 4,5%, registrando a maior marcação negativa em 4 anos.
O mês de outubro deve ser comandado pelo cenário político que se desenrola até o pleito do dia 30 desse mês. Apesar do alívio recente com o resultado de domingo, as próximas semanas devem ser marcadas por forte volatilidade e grandes movimentos nos preços. Nesse momento, cautela e temperança são fundamentais para uma exposição correta ao risco.
No calendário de divulgações a semana permanece pouco movimentada. Ontem o índice de gerentes de compras (PMI), da indústria mostrou 51,1, contra 51,9 na medição anterior. Ainda assim, o índice permanece no campo de expansão, mostrando crescimento da atividade.
Abertura do mercado nos EUA
Nos EUA, sinais de desaceleração da economia, em um comportamento paradoxal, trazem estímulos aos mercados. O que deveria acender o sinal de alerta, traz agora perspectivas de alívio no aperto monetário e voltam a impulsionar ativos de risco nos mercados americanos.
As divulgações de segunda-feira, com destaque para os PMIs da indústria e de manufatura do ISM, vieram em 50,9 e 51,7, respectivamente. Apesar de permanecerem acima dos 50 pontos, indicando melhora do cenário e perspectiva de crescimento, os resultados vieram abaixo de estimativas e abaixo de resultados anteriores.
Começamos a enxergar de forma mais significativa e em uma gama maior de indicadores, a desaceleração da economia norte-americana. Esse cenário, por mais que inspire cuidados, deve auxiliar o FED a abrandar os apertos monetários.
Como a semana deve ser recheada por dados de atividade econômica, com PMIs de serviços e composto, divulgados na quarta, além de informações sobre empregos na sexta-feira, com o payroll, salários e taxa de desemprego, a expectativa é que os próximos dias sejam esclarecedores sobre o desempenho da maior economia do mundo.
Ainda na seara do mercado de trabalho, nessa terça-feira, às 11h deve ser divulgado o relatório JOLTS, com dados de oferta de empregos. As projeções dão conta de cerca de 10,7 milhões de novas vagas ofertadas em agosto, contra 11,2 milhões no mês anterior. Caso venha abaixo, o resultado deve ser uma forte sinalização de desaceleração do mercado de trabalho norte-americano, que ainda não demonstrava sinais de enfraquecimento.
Mercado Interno
O Ibovespa fechou o pregão de ontem em alta de 5,54%, a maior valorização desde abril de 2020. Em um surto de otimismo os mercados foram tomados por forte apetite ao risco, com sinalizações de moderação no campo político. Em cenário mais acirrado, o alinhamento ao centro deve ser necessário para garantir maior eleitorado, o que agradou investidores.
Estatais chamaram atenção com forte valorização e perspectivas de que um senado e congresso mais próximos da direita possam proteger as companhias de grandes mudanças na gestão. Além disso, companhias como Sabesp, que liderou as altas com quase de 17% de valorização, se beneficiou de do resultado no Estado de São Paulo, que animou investidores com uma possível privatização no radar.
O mês de outubro deve ser guiado pelo vai e vem político típico de uma disputa eleitoral mais acirrada e pode trazer maior volatilidade ao mercado. Mas lembramos, são pregões como o de ontem que podem fazer a diferença na carteira de um investidor, e como sempre mencionamos, se manter posicionado é fundamental para o sucesso de uma estratégia.
Análise técnica Ibovespa
O Ibovespa apresentou ontem uma das maiores altas dos últimos anos. Dessa forma, analisando o gráfico diário, aumenta-se a expectativa positiva para o curto prazo. Isso pois o índice conseguiu superar os 114.390 pontos, uma região importante.
Além disso, olhando para o gráfico semanal (médio prazo), o Ibovespa estaria retomando a tendência de alta após sete semanas de correção, até o momento.
Nos últimos dois pregões, o índice apresentou uma alta acumulada de +8,22%, em que o próximo nível mais importante acima seria os 121.570 pontos.
Vale salientar que após uma alta forte como essa, aumenta-se a probabilidade do pregão de hoje não apresentar uma forte movimentação. Ou seja, é menos provável uma queda significativa ou alta muito forte.
Mercado Externo
Nos EUA, o índice S&P 500 começou o mês no positivo, sinalizando algum alívio depois de amargar fortes perdas no último mês, com queda de quase 10%. Nessa segunda-feira, a valorização foi de 2,59%.
Os ganhos do último pregão vieram depois de dados da atividade econômica mostrarem desaceleração. Em um jogo de expectativas, investidores acreditam que essas informações possam atenuar os apertos do Federal Reserve, e aliviar o ritmo de escalada dos juros, sob o risco de agravamento de um cenário de recessão.
Assim, ativos de risco voltaram a ganhar força e mostraram certa atratividade, com os mercados acreditando que não há mais muito espaço para cair.
As divulgações que seguem ao longo da semana devem contribuir para maior clareza desse cenário e podem estimular uma recuperação dos índices por lá. Informações sobre a inflação, divulgadas na próxima semana, também prometem mexer com as expectativas de investidores.
Análise técnica S&P500
O S&P500 apresentou uma alta significativa, superando os 3.590 pontos no gráfico diário. Isso indica que o índice pode passar por uma correção no preço (buscando a região da média móvel) ou no tempo (movimento mais lateral).
O índice continua em uma tendência de baixa no curto prazo, e para mudar essa perspectiva é importante buscar a região dos 3.900 pontos para anular essa tendência de baixa.
Commodities
O minério de ferro completou a madrugada em alta em Singapura. Com a paralisação das atividades na China, a commodity segue oscilando sem grandes drivers de preços, em busca de sinalizações mais claras de estímulos a atividade imobiliária chinesa.
O petróleo negocia novamente em alta nessa manhã de terça-feira, com discussões na reunião da Opep para uma redução de mais de 1 milhão de barris por dia. O corte representa uma redução mais significativa nos patamares de oferta, o que pode travar o preço, mesmo em cenário de maior degradação da demanda.
Análise técnica petróleo
O petróleo apresentou uma forte alta ontem, testando a região dos USD 87,71/barril. Isso mostra um enfraquecimento da tendência de baixa que se encontra no curto prazo.
Entretanto, para de fato anular essa tendência e retomar uma expectativa mais positiva, o petróleo deve superar os USD 92,40/barril. Já a perda dos USD 86,74/barril retoma uma expectativa mais negativa para o petróleo.
Analistas responsáveis
Dalton Vieira – Analista CNPI-T
- + 15 anos de experiência no mercado financeiro;
- Analista de valores mobiliários (CNPI-TEM 910);
- Credenciado pela Apimec desde 2010;
Desenvolvedor do método DV de investimentos.
Henrique Tavares – Analista CNPI
- Analista CNPI (CNPI EM-3176);
- Credenciado pela Apimec;
- Formado em Engenharia Aeronáutica pela Universidade Federal Uberlândia (UFU).
Leonardo Gibelli
- Analista CNPI-T;
- Analista CNPI-T EM-3376 credenciado pela Apimec;
- Formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
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A DVinvest é a casa de análise fundada pelo renomado analista Dalton Vieira, que possui em sua equipe profissionais altamente especializados em análise fundamentalista e técnica de ações.
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