Temporada de resultados do quarto trimestre de 2023: o que esperar?

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Temporada de resultados do quarto trimestre de 2023: o que esperar?

30 jan 2024Última atualização: 20 junho 2024

Renato ReisRenato Reis
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A temporada de resultados corporativos do quarto trimestre de 2023 (4T23) na Bolsa brasileira começa nesta quarta-feira, 31 de janeiro de 2024, e vai até o dia 29 de março.

Ou seja, nesse período, as empresas listadas na B3 devem reportar seus dados financeiros e contábeis.

Confira abaixo quais são as expectativas em termos de resultados corporativos para cada setor na Bolsa e onde devemos focar a análise quando os números saírem.

Balanços corporativos 4T23: cenário geral

Primeiramente, quando olhamos para o cenário macroeconômico, o país começou no último trimestre seu processo de queda nas taxas de juros.

Assim, o trimestre atual já contará com algumas empresas apresentando despesas financeiras abaixo do que era visto. O que é positivo especialmente para aquelas mais endividadas.

Além disso, o câmbio, a inflação e o PIB seguem estáveis, em linha com o que foi visto no último trimestre. Ou seja, um PIB que deve crescer 1,6% em 2024, um IPCA de 3,86% e um câmbio próximo a R$ 4,90.

Os dados são relativamente negativos, pois sinalizam uma redução no tamanho real da economia, sendo que a inflação deve ser maior do que o PIB. Por outro lado, o dólar deve permanecer estável.

Virando o foco para as empresas, o cenário deve ser menos homogêneo. Uma parte considerável delas deve se beneficiar com as taxas de juros mais baixas, o que atinge diretamente o lucro líquido.

Além disso, empresas em setores que necessitam de juros menores, como acabamentos ou a construção civil, já devem ter uma recuperação na demanda.

Uma outra parte das empresas necessitam bastante das exportações. Nesse sentido, com um dólar mais baixo em relação ao ano anterior, elas podem apresentar resultados um pouco mais fracos.

Agora, confira abaixo os principais setores e as expectativas para a temporada de resultados do 4T23:

Commodities

Após fortes resultados nos últimos anos, os preços das commodities estão em um processo de normalização e estão voltando ao patamar pré-Covid.

Por outro lado, olhando para um cenário de mais curto prazo, temos como destaque o minério, o aço e o petróleo, que reagiram de forma bastante positiva e têm preços crescentes. O que deve ajudar nos resultados de empresas do setor.

Ademais, os outros setores seguem machucados com a redução nos preços dos produtos, dando destaque para os químicos e para o agro, que devem ter resultados abaixo dos trimestres anteriores.

Um setor que está relativamente fora do radar é o de frigoríficos que exportam para os EUA. Eles passaram por uma fase muito negativa em 2023 e estão “despiorando” aos poucos, com o começo do ano passado sendo seu pior momento e projetando uma normalização para o final de 2024.

Sendo assim, os resultados estão cada vez “menos piores”, o que deve ajudar nas cotações das empresas do setor.

Construção civil

A construção civil segue com dois rumos bem diferentes, por um lado temos as empresas que operam em segmentos de baixo padrão, em especial com obras para o Minha Casa Minha Vida, que estão com números excelentes e demanda bastante aquecida.

Por outro lado, as construtoras de médio e alto padrão ainda estão com dificuldade para dar vazão aos lançamentos, o que só deve ser revertido quando a Selic apresentar uma queda ainda mais intensa.

Um setor que está bastante correlacionado com a construção civil são os acabamentos, fornecendo porcelanatos ou cerâmicas para os imóveis.

O segmento estava passando por um momento bastante delicado, com números semelhantes aos vistos durante a crise de 2016, quando os juros eram bem altos e a economia estava relativamente fraca. Assim, alguma melhora já é esperada para o segmento no 4T23.

Varejo

Talvez seja o setor mais distinto, já que engloba desde o varejo alimentar até a venda de roupas. Por isso, a dinâmica de cada setor será bem diferente. Assim, haverá resultados diferentes na temporada de resultados 4T23.

Quando falamos do varejo alimentar, a tendência é de que o crescimento de receita siga mais fraco devido a menor inflação, tendo em vista que os mercados geralmente repassam a inflação nos produtos.

Por outro lado, devemos ver um período de margens crescentes, pois a inflação mais alta foi justamente o que impactou o segmento há alguns anos.

Além disso, as grandes empresas do setor realizaram aquisições relevantes, que estão em processo de maturação. Isso melhorar ainda mais as margens, sendo que os investimentos já foram feitos e agora serão colhidos.

No segmento de moda, apesar do último trimestre do ano ser o mais forte e das vendedoras chinesas terem sido taxadas, os números ainda não devem ser animadores para todos. Especialmente porque os segmentos financeiros dessas empresas ainda passam por um problema grave de inadimplência. O que consome uma boa parte do caixa da operação de varejo.

Por fim, para as varejistas de eletrônicos e eletrodomésticos, o consumo ainda está bastante prejudicado pela redução na renda disponível. Além disso, com a Selic ainda em um patamar alto, dificilmente teremos alguma surpresa positiva no segmento.

Indústria

Assim como no varejo, cada caso é um caso. Entretanto, o rumo será parecido com o trimestre anterior. Em outras palavras, as empresas focadas em vendas no Brasil devem continuar sofrendo com a demanda enfraquecida.

Por outro lado, as exportadoras devem continuar com números melhores, mesmo que o dólar tenha apresentado redução quando comparado ao ano passado.

O foco do segmento são as empresas ligadas ao mercado de produção automotiva. Isso por que o efeito do Euro6 no mercado está cada vez menor. Assim,  tanto a demanda quanto as margens devem apresentar boa evolução no trimestre.

Bancos

Em resumo, o 2T23 foi muito importante para esse setor, que estava negativamente afetado pelo aumento na inadimplência, reduzindo o lucro.

Vimos no 3T23 um ponto de inflexão relevante na curva de inadimplência, o que pode marcar a virada de um movimento. E o começo de um ciclo positivo para o setor, com destaque para os mais afetados durante o ciclo anterior, como o Bradesco (BBDC4) ou o Santander (SANB11).

Utilities (energia e saneamento)

Com a redução na inflação, as empresas do segmento de utilities terão um crescimento de receita menor. Isso porque boa parte dos aumentos de tarifa tem indexação ao IPCA.

Entretanto, a queda no resultado não deve ser significativa a ponto das ações caírem. Dessa forma, é esperada uma manutenção nas cotações do segmento.

Um ponto de atenção é a redução no volume de chuvas em 2024, que devem fazer os preços da energia subir e enfraquecer o setor de utilities como um todo. Assim, é um segmento que dificilmente continuará subindo com a mesma força de 2023.

Demais setores

Por fim, os demais setores também possuem dinâmicas distintas. Porém, o rumo do trimestre será ditado pela mistura de juros e inflação. Com isso, imagino que as empresas mais endividadas devem começar a apresentar resultados mais fortes.

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Calendário de balanços 4T23

A seguir, confira o calendário da temporada de resultados com base nas datas divulgadas pelas empresas e pela CVM. 

A compilação dos calendários é do site Money Times. Vale lembrar que as datas podem sofrer alterações!

TickerCompanhiaData
SANB11Santander31/01/2024
ROMI3Indústrias Romi31/01/2024
BPAN4Banco Pan01/02/2024
BRBI11BR Partners01/02/2024
ITUB4Itaú Unibanco05/02/2024
BPAC11BTG Pactual05/02/2024
CIEL3Cielo06/02/2024
ABCB4Banco ABC06/02/2024
ALPA3Alpargatas07/02/2024
KLBN11Klabin07/02/2024
AURE3Auren07/02/2024
ALPA4Alpargatas07/02/2024
BBDC4Bradesco07/02/2024
AGRO3BrasilAgro07/02/2024
SAPR11Sanepar08/02/2024
CCR03CCR08/02/2024
RAIZ4Raízen08/02/2024
MULT3Multiplan08/02/2024
BBAS3Banco do Brasil08/02/2024
VIVT3Vivo08/02/2024
BRSR6Banrisul08/02/2024
USIM5Usiminas09/02/2024
CAML3Camil11/01/2024
CRFB3Carrefour19/02/2024
IGTI11Iguatemi20/02/2024
TRPL4Isa Cteep20/02/2024
GGBR4Gerdau20/02/2024
GOAU4Metalúrgica Gerdau20/02/2024
TTEN33tentos20/02/2024
SRNA3Serena Energia21/02/2024
WEGE3Weg21/02/2024
ASAI3Assaí21/02/2024
PCAR3Pão de Açúcar21/02/2024
AERI3Aeris21/02/2024
VALE3Vale22/02/2024
B3SA3B322/02/2024
ROXO34Nubank22/02/2024
RANI3Irani23/02/2024
MDIASM. Dias Branco23/02/2024
AESB3AES Brasil26/02/2024
BRFS3BRF26/02/2024
EGIE3Engie Brasil27/02/2024
POM04Marcopolo27/02/2024
INTB3Intelbras28/02/2024
CEAB3C&A28/02/2024
SUZB3Suzano28/02/2024
ODPV3Odontoprev28/02/2024
KEPL3Kepler Weber28/02/2024
ABEV3Ambev29/02/2024
MRVE3MRV29/02/2024
GRND3Grendene29/02/2024
CSAN3Cosan01/03/2024
PGMN3Pague Menos04/03/2024
ALUP11Alupar05/03/2024
RECV3PetroReconcavo05/03/2024
RADL3Raia Drogasil05/03/2024
TAEE11Taesa06/03/2024
BRKM5Braskem06/03/2024
LAVV3Lavvi06/03/2024
MYPK3lochpe-Maxion06/03/2024
DMVF3D100006/03/2024
GMAT3Grupo Mateus06/03/2024
GUAR3Guararapes06/03/2024
RRRP33R Petroleum06/03/2024
BEEF3Minerva06/03/2024
SLCE3SLC Agricola06/03/2024
PBRPetrobras07/03/2024
PETR3Petrobras07/03/2024
GOLL4Gol07/03/2024
PETR4Petrobras07/03/2024
CBAV3СВА07/03/2024
ARZZ3Arezzo Co.07/03/2024
MGLU3Magazine Luiza07/03/2024
TFC04Track Field07/03/2024
ZAMP3Burger King Brasil07/03/2024
FRAS3Fras-Le11/03/2024
NTCO3Grupo Natura11/03/2024
RENT3Localiza11/03/2024
DIRR3Direcional11/03/2024
VVE03Viveo11/03/2024
VULC3Vulcabras12/03/2024
CURY3Cury12/03/2024
RAPT4Randoncorp12/03/2024
ELET3Eletrobras13/03/2024
CASH3Méliuz13/03/2024
ECOR3Ecorodovias13/03/2024
BHIA3Grupo Casas Bahia13/03/2024
ENJUSEnjoei13/03/2024
SOMA3Grupo Soma13/03/2024
PRIO3PRIO13/03/2024
MDNE3Moura Dubeux13/03/2024
HYPE3Hypera13/03/2024
PETZ3Petz14/03/2024
SMFT3Smart Fit14/03/2024
PLPL3Plano & Plano14/03/2024
TRIS3Trisul14/03/2024
MATD3Mater Dei14/03/2024
PRIR3Priner14/03/2024
BM0В3Bemobi14/03/2024
LREN3Lojas Renner14/03/2024
JHSF3JHSF14/03/2024
CYRE3Cyrela14/03/2024
EZTC3EZTec14/03/2024
TEND3Tenda14/03/2024
FLRY3Fleury14/03/2024
YDUO3YDUQS14/03/2024
VITT3Vittia14/03/2024
ERJEmbraer15/03/2024
EMBR3Embraer15/03/2024
SBFG3Grupo SBF18/03/2024
DESK3Desktop19/03/2024
CMIN3CSN Mineração19/03/2024
USNA3USN19/03/2024
BLAU3Blau19/03/2024
EQTL3Equatorial Energia20/03/2024
HBSA3Hidrovias do Brasil20/03/2024
VIVA3Vivara20/03/2024
UNIP6Unipar20/03/2024
STBP3Santos Brasil20/03/2024
BRIT3Brisanet20/03/2024
FIQE3Unifique20/03/2024
LWSA3Locaweb20/03/2024
POSI3Positivo20/03/2024
ALOS3Allos20/03/2024
DASA3Dasa20/03/2024
COGN3Cogna20/03/2024
TUPY3Tupy20/03/2024
CPLE6Copel21/03/2024
PNVL3Dimed21/03/2024
MELK3Melnick21/03/2024
CMIG4Cemig21/03/2024
ELMD3Eletromidia21/03/2024
SBSP3Sabesp21/03/2024
EVEN3Even21/03/2024
SOJA3Boa Safra21/03/2024
SEER3Ser Educacional22/03/2024
VAMO3Vamos25/03/2024
KRSA3Kora Saude25/03/2024
ANIM3Anima25/03/2024
MEAL3IMC26/03/2024
JSLG3JSL26/03/2024
CSMG3Copasa26/03/2024
AMER3Americanas26/08/2024
RDOR3Rede D’Or26/03/2024
JBSS3JBS26/03/2024
AMBP3Ambipar27/03/2024
ORVR3Orizon27/03/2024
BRAP4Bradespar27/03/2024
ONCO3Oncoclínicas27/03/2024
MRFG3Marfrig27/03/2024
MOVISMovida27/03/2024
MLAS3Multilaser27/03/2024
HAPV3Hapvida27/03/2024
AZULAAzul28/03/2024
SIMH3Simpar28/03/2024
CSED3Cruzeiro do Sul28/03/2024
AGXY3Agrogalaxy28/03/2024
TOTS3TOTVSData a confirmar
VIVT3VivoData a confirmar
ALLD3AlliedData a confirmar
G2D133G2DData a confirmar
ZENVZenviaData a confirmar
AURA33Aura MineralsData a confirmar
INBR32InterData a confirmar
Renato Reis

Renato Reis

Formado em Ciências Econômicas pelo Ibmec BH. Analista de valores mobiliários (CNPI-P EM-3580) credenciado pela Apimec. Analista fundamentalista na casa de análise DVinvest.

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