Dívidas: um labirinto sem saída?
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Dívidas: um labirinto sem saída?
17 abr 2024•Última atualização: 22 julho 2024
Em março de 2024, mais de 78% das famílias brasileiras relataram terem dívidas de cartão de crédito, cheque especial, crédito consignado ou prestações de financiamentos a vencer.
As informações são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada mensalmente pela CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
A pesquisa também revela que 29,4% das famílias brasileiras possuem dívidas com 60 dias de atraso, em média.
Importante ressaltar que, ao contrário do que muitos acreditam, o endividamento existe mesmo quando o financiamento de uma casa ou parcelas de cartão de crédito estão em dia.
O estudo da CNC ainda mostrou uma maior procura por crédito com as recentes quedas da taxa Selic.
Entretanto, os juros ainda continuam altos, a 10,75% ao ano. Aqui, vale lembrar também que as taxas do crédito rotativo do cartão de crédito podem dobrar o valor da dívida.
Apesar disso, a maioria das pessoas acreditam que precisam de cartões crédito para adquirir bens de consumo, viagens e experiências de lazer. Em parte, essa crença é verdadeira.
Porém, a falta de educação financeira pode levar famílias inteiras para um labirinto em busca dos seus sonhos.
Resumindo, a ansiedade de vida confortável leva a maior parte dos brasileiros a se perder em um emaranhado de parcelas e juros.
Minha experiência
E é neste cenário que inicio uma série de artigos para te ajudar a sair deste labirinto, compartilhando minha experiência pessoal.
Sou um jovem adulto com muitos sonhos, mas que na ânsia de alcançá-los, me perdi em parcelas de cartões de crédito, cheque especial e crédito consignado.
Estudo o básico sobre finanças há pelo menos cinco anos, e mesmo com meu conhecimento, evitei pensar sobre minhas dívidas em atraso por muito tempo.
Essa foi a minha forma de lidar com o problema, fugindo dele. Agora, escrevo essa coluna para voltar e encará-lo novamente.
Tenho consciência de que muitas famílias não têm a opção de escolha, a pesquisa da CNC mostrou que mais de 11% das famílias afirmam que “não terão condições de pagar” suas contas atrasadas.
Acredito que a escolha é um privilégio, e como falei, por conta da ansiedade de alcançar experiencias rápidas, usei meu privilégio de forma errada.
Muitas famílias ficam inadimplentes para suprir necessidades básicas, pagar aluguel, sustentar os filhos ou pagar parcelas de um financiamento imobiliário. Esses não foram os meus motivos.
Minha missão
Apesar disso, quero usar minhas habilidades de contar histórias para difundir a educação financeira e ajudar outras pessoas que, como eu, que fizeram escolhas erradas, assim como as que não tiveram essa opção.
Vou compartilhar com você parte do processo que segui para sair do labirinto que eu mesmo me coloquei.
Entendo que os problemas financeiros não são os mesmo para todo mundo, mas separei algumas etapas, que, segundo minha experiência, acredito serem essenciais para enfrentar essa jornada.
Vem comigo!
Passo a passo para sair das dívidas
Abaixo, confira as dicas que deram certo para mim e que podem ser muito úteis para você também:
1- Tomar consciência
Não adianta querer sair do labirinto das dívidas sem primeiro aceitar que você está dentro dele.
Nesse artigo, eu compartilho sobre como foi a minha tomada de tomada de consciência, entendendo que fiz escolhas erradas e que fugi de lidar com minhas inadimplências para evitar pensar que errei comigo mesmo.
Isso por que a vida de uma forma geral é repleta de emoções, e nossa vida financeira também, mas evitamos pensar em ambos os casos e acabamos enrolados.
Assim, nessa etapa, é essencial aceitar o erro, respeitar suas emoções e frustrações. Além de decidir mudar para uma vida organizada.
2- Levantar o tamanho do problema
Agora, papel e caneta na mão: é hora de descobrir qual é o tamanho real do problema.
Aqui, vamos abrir aplicativos de bancos, de cartão de créditos, pegar os carnês empoeirados e anotar tudo o que não pagamos.
Como tinha dívidas com alguns credores e pessoas diferentes, precisei anotar tudo em um único lugar para me ajudar a enxergar o tamanho do meu problema. Faça algo parecido para entender a sua real situação.
3- Criar um plano de pagamento
Agora que sabemos o tamanho do nosso problema, vamos para etapa de planejar o pagamento, da forma mais realista possível.
Muitas vezes, é possível diminuir as inadimplências com o salário mensal fazendo alguns cortes, além de economizar ou renegociar as dívidas.
Caso essas ações não forem suficientes, também podemos partir para renda extra. Você pode vender doces, salgados ou fazer freelancer aos finais de semana para complementar a sua renda.
São várias opções disponíveis para fazer um dinheiro extra. Elas exigem um período de mais disciplina, mas valem a pena.
4- Pagar os novos compromissos
Essa é a etapa mais óbvia, mas como sempre me falam que o óbvio precisa ser dito, aqui está.
Existe a possibilidade de renegociar as dívidas para conseguir abatimentos nos juros. Mas é importante realizar o pagamento do novo acordo, já que muitos credores não te darão outras oportunidades.
5- Seguir no foco
Se você pensou que a última etapa era simplesmente pagar as dívidas, você errou! Tão importante quanto pagar as dívidas, é ter um controle dos gastos mensais para não voltar à estaca zero.
Existem algumas ferramentas, atreladas a investimentos, como reserva de emergência, previdência privada ou seguros, que podem te ajudar nessa missão.
Inclusive, você pode contar com o suporte profissional de um planejador financeiro ou de um assessor de investimentos. De qualquer modo, o mais importante é dar o primeiro passo!
Enfim, as dívidas não são um labirinto sem saída. Encontrar novos rumos pode não ser fácil, mas tenho certeza de que será muito gratificante viver uma vida segura, confortável e alcançar seus sonhos com mais tranquilidade no final.
Vamos juntos na jornada para sair do labirinto das dívidas? Te espero no próximo artigo!