Dólar atinge R$5,28: entenda o que está acontecendo!

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Dólar atinge R$5,28: entenda o que está acontecendo!

17 abr 2024Última atualização: 12 junho 2024

Lucas PippaLucas Pippa
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O dólar finalizou a última terça-feira,16, em um valor que foi visto pela última vez em 24 de março do ano passado, quando a moeda atingiu R$ 5,26. Foi o quinto pregão consecutivo de desvalorização do real frente à moeda mais forte do mundo.

Ainda, na comparação com o real, o dólar já acumula alta de 5,35% em abril, o que leva os ganhos a 7,17% neste ano.

Podemos avaliar essa retomada da moeda americana frente ao real por duas diferentes visões:

1. Dados econômicos dos Estados Unidos que foram de encontro às expectativas;

2. Risco fiscal brasileiro após as novas previsões anuais para o PIB do país.

Neste artigo, vamos abordar estes dois pontos. Acompanhe!

1- Dados econômicos dos EUA

Curvas americanas de juros futuros

Dados: https://app.koyfin.com/gyld

Na imagem acima, é possível notar que o pico das curvas de juros de 2,5 e 10 anos ocorreu em outubro do ano passado. Foi quando iniciaram as conversas e surgiram evidências de que os juros americanos de 5,25% a 5,50% estariam com os dias contados.

No início do ano, a maioria dos especialistas e casas de investimento já apostavam em cortes de juros ao longo do ano, e a maior concentração se dava entre 6 e 7 cortes de 25 bps até dezembro.

No entanto, essas curvas retomaram movimentos ascendentes após alguns dados reportados, que diminuíram a probabilidade de cortes nos juros americanos em 2024, e hoje essa concentração não passa de 3 cortes neste ano.

Leia também: Investimentos no exterior: guia completo

Payroll

Os dados de emprego nos EUA, apelidados pelo mercado de "Payroll", são considerados um dos principais termômetros da economia americana, e podem influenciar na decisão do Fed de em relação a taxa de juros do país, atualmente no patamar de 5,25 a 5,50%.

Os EUA criaram 303 mil vagas de emprego em março, frente à expectativa de 200 mil vagas, o que só confirma o aquecimento da economia americana, em que atualmente é reportada uma taxa de desemprego de 3,8%, queda de 0,1% frente aos dados apresentados pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos.

CPI (Consumer Price Index)

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) mede a evolução dos preços de bens e serviços, medindo a variação de preços a partir da perspectiva do consumidor. É um indicativo para medir a flutuação de tendências de compra e a inflação nos Estados Unidos.

Sendo a principal medida da inflação dos Estados Unidos, em março o CPI registrou alta de 0,4%, acima da expectativa de 0,3%. Visto isso, a alta acumulada de preços ao consumidor no país dentro dos últimos 12 meses ficou em 3,5%, se afastando ainda mais dos 2%, meta estipulada pelo Federal Reserve.

2 - Arcabouço fiscal

O ajuste mostrou que tinha foco somente no aumento da arrecadação, sem uma agenda clara e efetiva de cortes de gastos. Seus resultados foram vistos como um atraso, se contrapondo à boa primeira impressão ao primeiro arcabouço criado, que inclusive na época fez a moeda brasileira se valorizar frente ao dólar.

A nova previsão é ter déficit zero, contra a inicial de um superávit de 0,5% do PIB no ano de 2025. Para 2026, o número também foi rebaixado, de 1% para 0,25%.

A novidade são as estimativas para 2027 e 2028, que respectivamente são de crescimento de 0,5% e 1%.

Em outras palavras, o governo se compromete a atingir seus objetivos estipulados para 2025 apenas em 2027.

Expectativas para o futuro

Quando analisamos apenas investidores pessoa física, o Brasil está ao lado dos países que mais mantém seus recursos custodiados dentro de casa, em sua própria moeda.

Estamos ao lado de países como China, Rússia, Turquia e Índia nesse quesito, com uma gigantesca (aproximadamente 99%) concentração de patrimônio dentro do risco do seu próprio país.

Já o Banco Central do Brasil não tem nada em comum ao investidor brasileiro nesse aspecto. Com a explicação de ter um seguro para o país fazer frente às suas obrigações no exterior e a choques de natureza externa, como crises cambiais e interrupções nos fluxos de capital para o país, o BC mantém praticamente 80% das reservas brasileiras em dólar.

Visto o histórico do real, temos em mãos hoje uma moeda que perdeu mais 80% do seu valor frente ao dólar desde sua criação.

Ou seja, não é a variação diária do dólar frente ao real que irá determinar a necessidade ou não de termos uma parcela de nosso patrimônio em dólar, mesmo que seja muito volátil vista a fraqueza de nossa moeda frente às principais potências mundiais. Essa necessidade já existe!

Fonte: https://app.koyfin.com/gyld

A imagem acima apenas retira o zoom da primeira imagem deste artigo, não só mostrando a variação de curva dentro dos últimos 12 meses, e sim retratando onde está cada curva dentro de um histórico de 10 anos.

Estamos em um momento de pico de juros nos Estados Unidos, em que não precisamos acessar investimentos arriscados para obter retornos que, historicamente, superam o famoso 100% do CDI em horizontes de 5, 10, 15 e 20 anos.

Muito pelo contrário, ao acessar investimentos sediados nos EUA, dificilmente investiremos em algum ativo que tenha classificação de risco inferior ao Tesouro Brasileiro.

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Lucas Pippa

Lucas Pippa

Especialista em investimentos internacionais na Blue3 Investimentos

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