Inflação: o que é, como é medida e como se proteger da alta dos preços
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Inflação: o que é, como é medida e como se proteger da alta dos preços
26 mai 2023•Última atualização: 21 junho 2024
Você já sentiu o impacto dos preços em constante aumento no seu dia a dia? Caso tenha, então já experimentou um dos efeitos da inflação. Neste artigo, vamos explorar o que é a inflação e como ela afeta nossas vidas.
Discutiremos os diferentes tipos de inflação, daremos exemplos reais e explicaremos as causas desse fenômeno econômico. Além disso, vamos descobrir como a inflação é medida e como ela pode influenciar nosso poder de compra.
Mas não se preocupe, também traremos estratégias para controlar a inflação e proteger seu dinheiro da alta dos preços. Você também vai conferir opções de investimentos que podem ser uma boa alternativa para enfrentar a inflação de forma mais tranquila.
Preparado para aprender e proteger seu bolso? Então, vamos lá!
O que é inflação?
A inflação é o aumento geral e contínuo dos preços de bens e serviços ao longo do tempo.
Ela é medida por índices que calculam a flutuação dos preços de uma cesta de produtos que representa o consumo das famílias.
Quando a demanda por bens e serviços supera a capacidade de produção da economia, por exemplo, os preços tendem a subir. Da mesma forma, se os custos de produção aumentam, as empresas podem repassá-los para os consumidores na forma de preços mais altos.
A inflação excessiva ou descontrolada pode ter impactos negativos na economia. Quando os preços aumentam constantemente, o poder de compra das pessoas diminui, pois elas precisam gastar mais para adquirir as mesmas coisas. Isso pode levar a uma redução do consumo e do investimento, afetando o crescimento econômico.
Os governos e os bancos centrais geralmente buscam controlar a inflação por meio de políticas monetárias e fiscais. O objetivo é mantê-la em níveis estáveis, permitindo um ambiente econômico saudável.
Tipos de inflação
Existem diferentes tipos de inflação que podem ocorrer em uma economia. Confira alguns dos principais:
1. Inflação de demanda
Acontece quando a demanda por bens e serviços excede a capacidade de produção, como comentamos acima.
Isso pode ocorrer devido ao aumento dos gastos do governo, aumento do consumo das famílias ou aumento dos investimentos. Em resumo, a demanda excessiva leva a uma alavancada dos preços.
No entanto, existem diferenças entre inflação de demanda e aumento de preços impulsionado por outros fatores.
Por exemplo: se apenas um produto fica mais caro, como a banana, dificilmente significa que ela está inflacionada. O aumento pode ter ocorrido por alguma dificuldade na lavoura. Agora, se diversas frutas encarecem ao mesmo tempo, aí sim é mais provável que seja culpa da inflação levada pelo aumento da demanda.
2. Inflação de custos
Ocorre quando os custos de produção para as empresas aumentam. Isso pode ser causado pelo crescimento de salários, matérias-primas mais caras ou aumento dos impostos e encargos.
As empresas repassam esses aumentos de custos para os consumidores, levando a um aumento geral dos preços.
3. Inflação estrutural
Está relacionada a problemas estruturais que afetam o custo de produção e logística, e se refletem em maiores preços para o consumidor.
Um exemplo desse fenômeno são estradas mal conservadas, que geram mais despesas para caminhoneiros e frotas de veículos. À medida que tais custos sobem, os produtos que dependem desse transporte sofrem aumento também.
4. Inflação inercial
Resumidamente, acontece quando a inflação passada influencia nas expectativas de inflação futura.
Na prática, funciona assim: quando as pessoas e empresas esperam que os preços continuem subindo, elas ajustam suas fontes de renda (como pretensão salarial e precificação de produtos) para compensar a inflação esperada. Isso pode levar a um ciclo contínuo de aumento dos preços.
5. Hiperinflação
É caracterizada por um aumento descontrolado dos preços, geralmente na casa dos três dígitos ou mais por mês. A hiperinflação ocorre quando o sistema monetário de um país perde credibilidade, levando a uma rápida depreciação da moeda e uma espiral de aumento de preços.
Esses são apenas alguns exemplos de tipos de inflação. É importante notar que, na realidade, a inflação muitas vezes é uma combinação de diferentes fatores e pode variar de acordo com as circunstâncias econômicas e políticas de cada país.
Exemplos de inflação
Veja agora alguns exemplos reais de inflação ao longo da história:
- Inflação alemã de Weimar, de 1921 a 1924: após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha enfrentou uma hiperinflação severa. A quantidade excessiva de dinheiro impresso para financiar a guerra e as reparações resultaram no aumento descontrolado de preços. Eles subiram a níveis extremos, com a taxa de inflação atingindo bilhões por cento ao mês.
- Inflação nos Estados Unidos, na década de 1970: durante os anos 1970, os Estados Unidos enfrentaram um período de inflação significativa. Vários fatores contribuíram para isso, incluindo aumentos nos preços do petróleo após a crise de 1973, aumento dos salários e pressões inflacionárias resultantes das políticas monetárias.
- Inflação no Brasil, nas décadas de 1980 e 1990: o Brasil passou por um período prolongado de inflação alta e instável nas décadas de 80 e 90. Fatores como déficits fiscais, expansão monetária descontrolada, indexação de preços e instabilidade econômica contribuíram para a persistência da inflação.
Causas da inflação
A inflação pode ter várias causas e entendê-las é fundamental para compreender como ela surge e se desenvolve.
Aumento da demanda
Como vimos nos tipos de inflação, uma das causas para preços inflacionados pode ser o aumento da demanda desproporcional à capacidade de produção.
Aumento de custos de produção e distribuição
Ainda, os preços podem aumentar em nível inflacionário porque os custos de produção ou custos logísticos tornaram-se mais caros.
Expansão monetária
Quando a quantidade de dinheiro em circulação na economia aumenta rapidamente, isso pode levar a pressões inflacionárias. Se a oferta de dinheiro cresce mais rapidamente do que a capacidade produtiva da economia, os preços tendem a subir. Os governos ou bancos centrais podem aumentar a oferta de dinheiro por meio da impressão de moeda, ou políticas monetárias expansionistas.
Isso ocorre, em alguns casos, para incentivar o consumo das famílias e fazer a economia sair da estagnação.
Escassez de recursos
Se houver escassez de recursos essenciais, como energia, alimentos ou matérias-primas, pode levar a aumentos de preços. A oferta limitada em relação à demanda crescente cria também pressões inflacionárias.
Choques externos,
Eventos imprevisíveis, como desastres naturais, conflitos geopolíticos ou flutuações nos preços das commodities no mercado internacional podem afetar os preços domésticos. Inclusive o simples aumento nos preços das importações já podem levar à inflação.
Vale salientar que essas causas podem se sobrepor e costumam interagir entre si. A inflação é raramente causada por um fator isolado, mas resulta da combinação de forças econômicas e políticas complexas.
Como a inflação é medida?
A inflação é medida por índices que acompanham as variações nos preços de uma cesta de bens e serviços em um recorde de tempo.
Existem vários índices de preços utilizados em diferentes países, mas os mais comuns no Brasil são
- Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA e IPCA-15;
- Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC.
IPCA
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é a principal medida de inflação usada no Brasil. Criada em 1980, ele acompanha a variação de preços de uma cesta de bens e serviços, contemplando uma faixa ampla de itens consumidos pelas famílias brasileiras.
A ideia é que o IPCA reflita o custo de vida mensal de famílias que recebem entre 1 e 40 salários mínimos por mês. Para isto, são avaliados os custos de:
- Alimentação e bebidas;
- Moradia;
- Saúde;
- Educação;
- Transporte;
- Comunicação;
- Vestuário;
- Artigos para casa;
- Despesas pessoais;
- Higiene pessoal.
O IPCA é calculado com base em pesquisas mensais realizadas pelo IBGE, que coleta informações sobre os preços dos produtos da cesta em diversas regiões do país. Esses dados são ponderados de acordo com a participação de cada item na despesa total das famílias.
Os resultados são utilizados para calcular a variação média dos preços em relação ao mês anterior. Essa variação é então divulgada como a taxa de inflação daquele mês. Cabe citar que o IPCA tem o período de apuração entre o dia 1.º e 30.
Para saber a estimativa ou uma prévia do IPCA do próximo mês, utiliza-se então o índice IPCA-15. Ele tem os mesmos parâmetros, porém é calculado entre o dia 16 do mês anterior até o dia 15 do mês atual.
INPC
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) é calculado com base nos preços dos bens e serviços de 11 diferentes cidades, para famílias com renda entre 1 e 6 salários mínimos.
Por considerar um recorte mais específico e condizente com o que ganha a classe média, o INPC é um bom parâmetro para saber como está o custo de vida para a maioria da população.
Até porque, são essas as famílias mais afetadas pela inflação, uma vez que grande parte dos seus ganhos é destinado para despesas básicas - como moradia, transporte e alimentação.
Sendo assim, o INPC é constantemente usado para negociar aumentos salariais e outros benefícios trabalhistas.
Além do INPC e do IPCA, existem outros índices que medem a inflação em diferentes níveis ou setores, como:
- IGP, ou Índice Geral de Preços, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV);
- IPC, ou Índice de Preços ao Consumidor;
- IPA, ou Índice de Preços ao Produtor Amplo;
- INCC, ou Índice Nacional de Custo da Construção.
Como a inflação afeta a vida das pessoas
A inflação afeta a vida das pessoas desde a compra de bens de consumo rotineiros até a execução de projetos pessoais maiores, como trocar de carro ou comprar uma casa. Veja uma lista dos principais aspectos influenciados pela alta inflação.
- Redução do poder de compra;
- Dificuldade de criar um planejamento financeiro consistente, ao impossibilitar a previsão dos preços futuros;
- Criação de demandas por salários mais altos para compensar o aumento de preços;
- Reduzindo o hábito da poupança, já que o valor do dinheiro diminui ao longo do tempo;
- Aumentando as taxas de juros e consequentemente o custo dos empréstimos;
Por isso, é importante estar informado e saber como proteger seu capital e seu patrimônio das altas da inflação.
Como controlar a inflação?
Existem várias estratégias que os governos e bancos centrais podem adotar para controlar a inflação. Aqui estão algumas das principais medidas utilizadas:
Política monetária
Uma medida comum para controlar a inflação é aumentar as taxas de juros. Isso torna o crédito mais caro, desestimula o consumo e reduz a demanda, o que pode ajudar a conter a pressão inflacionária.
Além disso, os bancos centrais podem reduzir a oferta de dinheiro na economia por meio da venda de títulos ou do aumento das reservas obrigatórias dos bancos comerciais.
Política fiscal restritiva
Os governos podem adotar medidas fiscais para reduzir os gastos públicos ou aumentar a arrecadação de impostos. Isso diminui a demanda agregada e pode ajudar a controlar a inflação.
Políticas de controle de expectativas
A confiança e as expectativas dos agentes econômicos desempenham um papel importante na inflação. Os governos e bancos centrais podem adotar medidas de comunicação e transparência para influenciar as expectativas inflacionárias.
A estratégia costuma envolver a divulgação de metas de inflação, informações sobre as políticas adotadas e demonstrações de compromisso com a estabilidade de preços.
Como se proteger da alta dos preços?
Para se proteger da alta dos preços e mitigar os impactos da inflação, é possível adotar algumas estratégias. A primeira é manter uma reserva de segurança de dinheiro para momentos de imprevistos ou estabilidades.
Isso deve ser aplicado a uma parte do seu capital, visto que outra deve ser dedicada a investimentos com potencial de valorização, para preservar o seu poder de compra com o passar do tempo.
Outra forma de estar preparado para as altas de preços é manter-se informado a respeito dos índices e suas expectativas, para adequar seu planejamento.
Além disso, não se esqueça de diversificar seus investimentos em diferentes classes de ativos e moedas para proteger seu patrimônio de riscos contra altas da inflação.
Investimentos que protegem da inflação: 4 opções
Existem algumas opções de investimentos que podem ajudar a se proteger contra a inflação. Aqui estão algumas delas:
1. Títulos indexados à inflação
Alguns governos emitem títulos de dívida, como as Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-B) no Brasil e os Títulos do Tesouro Protegidos contra a Inflação (TIPS) nos Estados Unidos, que estão vinculados a índices de inflação.
Esses títulos ajustam periodicamente seus valores consoante a variação da inflação, fornecendo uma proteção relativa contra a perda de poder de compra.
2. Investimentos em commodities ou fundos
As commodities são bens físicos, como petróleo, ouro, prata e alimentos básicos. Esses ativos tangíveis podem se valorizar durante períodos de inflação, já que seus preços costumam aumentar quando há pressão inflacionária.
Os investidores podem considerar alocar recursos diretamente em commodities ou em fundos que acompanham seu desempenho.
3. Ações de empresas internacionais
Investir na bolsa de valores dos Estados Unidos ou de outros países com moedas diferentes pode ser uma estratégia para se proteger da inflação, quando ela está afetando a economia local. Essa é uma estratégia em que o investidor aproveita a proteção cambial.
4 - Fundos de investimento em inflação
Existem fundos de investimento especificamente projetados para proteger o poder de compra. Eles investem em uma combinação de títulos indexados à inflação, commodities e outros ativos que são influenciados por ela. São investimentos que visam acompanhar os índices e fornecer um retorno que reflita a taxa de inflação.
Investir para se proteger da inflação é uma estratégia inteligente.
Aqui, recomenda-se buscar orientação de profissionais financeiros qualificados para auxiliar na escolha adequada dos investimentos. E uma assessoria como a Blue3 pode ajudar.
Redação It's Money
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